sexta-feira, 25 de junho de 2021

o mau encontro

 

Espinosa dizia, não sem dor , que a pior  fase da vida é a infância. Não que ser criança seja algo ruim em sua essência. Espinosa argumenta que o perigo dessa fase   da vida se deve ao fato que é nela que  mais dependemos da qualidade do caráter dos adultos que nos cercam.

“Criança” significa: “aquele que crê”. Na criança, essa crença é a expressão de sua inocência. Muito diferente é o adulto seguidor de fanatismos teológicos-políticos,  cuja “crença” é demonstração de ignorância ou ingenuidade mesmo (“in-genius”: “aquele que não sabe pensar por si próprio.”)

Em geral, é na relação com as crianças que fica mais evidente a índole perversa do mau caráter, que se vale da inocência da criança para fazê-la imitar seu comportamento  baixo.

Seres assim são um “mau encontro” para as crianças. Segundo Espinosa, “maus encontros” são aqueles que propagam servidão em suas variadas formas. A servidão é uma máquina doentia  que transforma a inocência em “crença” ignorante, depois que a criança cresce e se torna um adulto servil.

 Não por acaso, diz Espinosa, o tirano infantiliza o adulto, ao mesmo tempo que instrumentaliza as crianças ( Hitler, por exemplo, era obcecado por vestir as crianças com uniformes militares nazistas , além de obrigá-las a fazerem o gesto nazista...).

Quando a infância é cercada de cuidados e a educação é emancipadora, ser criança não é uma fase que começa e termina. Pois ela se torna uma fase de descobertas para toda a vida, as quais o adulto sempre retorna, como retorna poeticamente Manoel de Barros à infância,  para renovar sua crença ativa na vida.

( sei que muitos não suportam  mais olhar para esse inqualificável. Eu mesmo não suporto...Mas é preciso denunciar esses crimes contra as crianças. Pois não são apenas os bons exemplos que educam as crianças, também a ajudam a crescer conhecer os “maus exemplos” propagados por pessoas ruins. Deve-se dizer a elas: “filho, filha, fujam da influência de seres assim. ”)




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