segunda-feira, 10 de abril de 2017

formas em rascunho , harmonia selvagem



















Quero escrever movimento puro.
Clarice Lispector

É verdade que, no caminho que leva ao que cabe pensar,

tudo parte da sensibilidade.
Gilles Deleuze


Não é a coisa limitada que impõe um limite ao infinito;
é o limite que torna possível uma coisa limitada.
Todo limite é ilusório, e toda determinação é negação, 
se a determinação não está numa  relação imediata com o indeterminado.
Gilles Deleuze




"É preciso fazer a diferença” ( Deleuze). Só há diferença quando  feita, arriscada, ousada, instaurada. A diferença que não faz diferença não é diferença, é mera oposição, reação, impotência.A diferença, quando faz diferença, inventa a si própria como acontecimento novo, que para ser compreendido requer também um modo de conhecer e perceber diferentes.A diferença não é algo que se encontra pronto, muito menos se acha codificada em uma cartilha ou receita.Não se sabe o que é fazer diferença a não ser quando ela é feita. O conhecimento da diferença vem depois de ela mesmo ter sido feita, pois a diferença é exatamente aquilo que não se conhece antes dela, não se pode conhecê-la de forma a priori.Ao ser feita, a diferença também faz o conhecimento que se tem dela, conhecimento este também diferente, novo.Como fazer a diferença? Repetindo-a.  Por isso, a diferença é inseparável da experiência com ela própria. Em tudo aquilo que fez diferença há um aprendizado: repetir não o que se fez, mas repetir a diferença , que somente no novo se pode fazer.E qual é essa diferença? A inventada, criada, produzida. Nenhuma diferença cai do céu, embora toda autêntica diferença seja um celestar as coisas do chão. É do fazer a diferença que nasce um estilo. O estilo é uma harmonia na diferença, uma harmonia nada domesticada , uma harmonia selvagem, como os solos de uma alma livre,  sabedora de  que todo solo somente é possível quando agenciado a solos diferentes.




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