sábado, 22 de fevereiro de 2025

A filosofia e suas ferramentas

 

A filosofia não é uma atividade apenas teórica, a filosofia é uma ferramenta para vários usos. Infelizmente, o ensino formal da filosofia e a sua apropriação midiática nem sempre ensinam essa dimensão de ferramenta que as ideias filosóficas são.

Inclusive, visando colocar a teoria em prática, a ideia em ação, alguns    filósofos empregam a imagem de uma ferramenta para traduzirem o que é a filosofia.

Espinosa, por exemplo, ensinava que a filosofia é uma  lente  que potencializa nossa mente para ver melhor o que nos está fora e o que nos está dentro, produzindo conhecimento e autoconhecimento.  E mesmo quando  a lente  está  apontada para  realidades simples no aqui e agora  , ela nunca deixa de mostrar também o infinito  ao qual tudo se liga .  Mas é preciso polir a lente constantemente, com esforço próprio e perseverança, sem perder a alegria.

Nietzsche, por sua vez, afirmava  que a filosofia é como um martelo para golpear e destruir  os “Ídolos”. Para Nietzsche, “Ídolo” é tudo aquilo que é cultivado com  submissão reativa, pondo os  homens de joelhos.  Um “D0gma”, um  tir4no, o “mercado casa-grandista” ,  o poder teológico-p0lítico... são exemplos de “Ídolos” que tornam os homens servis , ignor4ntes e t0los. Mas Nietzsche adverte: “Só podemos destruir sendo criadores.”

Plotino ensinava que a filosofia é como um cinzel. E o melhor escultor de si mesmo é aquele que nunca termina de esculpir sua própria estátua; e que  evita esculpir-se contemplando  narcisicamente   espelhos, preferindo olhar amorosamente como modelo  as estrelas  que brilham  no amplo céu.

Os estoicos argumentavam  que a filosofia não é como uma vacina que tomamos uma única vez na vida e que nos protege para sempre; a filosofia é como uma pílula que  deve ser tomada todo dia de manhã , para despertos nos mantermos.

Platão dizia que a filosofia são como asas: não como as asas de Ícaro, que são presas às costas com engodo de forma artificial e que não podem chegar perto do sol; a filosofia é como as asas de uma borboleta: elas   nascem nas nossas costas após uma metamorfose, e sempre alçam à Luz .

Deleuze & Guattari ensinavam que a filosofia   precisa ser como a vassoura de uma  bruxa: para possibilitar linhas de fuga.

E Manoel de Barros , nosso pensador-poeta, dizia que a poesia  é como um abridor: mas em vez de abrir latas, a poesia abre manhãs.


 "Quem não tem ferramentas de pensar, inventa." (Manoel de Barros)


( imagem: Deleuze & Guattari. A expressão “Nós, os bruxos” se encontra  no livro Mil platôs)





O estoico Paulinho:



 

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