A filosofia não
é uma atividade apenas teórica, a filosofia é uma ferramenta para vários usos. Infelizmente,
o ensino formal da filosofia e a sua apropriação midiática nem sempre ensinam
essa dimensão de ferramenta que as ideias filosóficas são.
Inclusive, visando
colocar a teoria em prática, a ideia em ação, alguns filósofos empregam a imagem de uma ferramenta
para traduzirem o que é a filosofia.
Espinosa, por
exemplo, ensinava que a filosofia é uma lente que
potencializa nossa mente para ver melhor o que nos está fora e o que nos está
dentro, produzindo conhecimento e autoconhecimento. E mesmo quando a lente está apontada para
realidades simples no aqui e agora , ela nunca deixa de mostrar também o
infinito ao qual tudo se liga . Mas é preciso polir a lente constantemente,
com esforço próprio e perseverança, sem perder a alegria.
Nietzsche, por
sua vez, afirmava que a filosofia é como
um martelo para golpear e destruir os
“Ídolos”. Para Nietzsche, “Ídolo” é tudo aquilo que é cultivado com submissão reativa, pondo os homens de joelhos. Um “D0gma”, um tir4no, o “mercado casa-grandista” , o poder teológico-p0lítico... são exemplos de “Ídolos”
que tornam os homens servis , ignor4ntes e t0los. Mas Nietzsche adverte: “Só
podemos destruir sendo criadores.”
Plotino ensinava
que a filosofia é como um cinzel. E o melhor escultor de si mesmo é aquele que
nunca termina de esculpir sua própria estátua; e que evita esculpir-se contemplando narcisicamente espelhos, preferindo olhar amorosamente como
modelo as estrelas que brilham no amplo céu.
Os estoicos argumentavam
que a filosofia não é como uma vacina
que tomamos uma única vez na vida e que nos protege para sempre; a filosofia é
como uma pílula que deve ser tomada todo
dia de manhã , para despertos nos mantermos.
Platão dizia que
a filosofia são como asas: não como as asas de Ícaro, que são presas às costas com
engodo de forma artificial e que não podem chegar perto do sol; a filosofia é
como as asas de uma borboleta: elas nascem nas nossas costas após uma metamorfose,
e sempre alçam à Luz .
Deleuze &
Guattari ensinavam que a filosofia precisa ser como a vassoura de uma bruxa: para possibilitar linhas de fuga.
E Manoel de
Barros , nosso pensador-poeta, dizia que a poesia é como um abridor: mas em vez de abrir latas, a
poesia abre manhãs.
( imagem:
Deleuze & Guattari. A expressão “Nós, os bruxos” se encontra no livro Mil platôs)
O estoico Paulinho:
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