terça-feira, 2 de novembro de 2021

Nelson Freire

 

A palavra “música” vem de “Musa”. No sentido original, “Musa” significa: “conhecimento que vem das artes”. Pois música, poesia, teatro, dança...também ensinam.

As artes ensinam de forma não teórica, pois as artes  trazem  o corpo e a sensibilidade como partes do seu ensino e aprendizado. As artes ensinam a olhar, a ouvir, a tocar, enfim, a sentir e pensar, em sentir para pensar.

Quando eu fazia faculdade na UERJ, o secretário de cultura do Rio era o grande educador Darcy Ribeiro, e a UERJ se tornou fonte e palco de inúmeros projetos culturais, tudo de graça.

As noites das terças, por exemplo, eram aguardadas por nós como o dia que teríamos uma aula transformadora.  Em vez de acontecer na sala de aula, o aprendizado acontecia num  simpático auditório . No lugar dos livros, um piano; em vez de palavras, os sons da música.

A gente entrava no auditório e sentava, sabendo que não sairíamos os mesmos dali. Até que entra o nosso professor para aquela aula  aguardada, aula que seria proferida com música. O professor era o grande pianista Nelson Freire.

 Ele já era um artista conhecido mundialmente, porém estava ali com a mesma alegria e dedicação de sempre. Não é o lugar que faz o artista, é o artista que transforma o lugar.

Não eram apenas alunos e professores o público que ali estava, também havia funcionários e moradores da comunidade da Mangueira,  que ficava  ao lado da UERJ.

Ele nos cumprimentava de forma simples e simpática, sentava junto ao  piano e , a um sinal silencioso seu,  todas as forças luminosas do universo tomavam a forma de música a nascer de suas mãos criativas e generosas.

Ontem faleceu o grande Nelson Freire. Na minha formação em filosofia, hoje sei que ouvir sua música foi, para mim, matéria indispensável e necessária.

 Meu agradecimento e homenagem ao mestre.








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