A palavra “música” vem de “Musa”. No
sentido original, “Musa” significa: “conhecimento que vem das artes”. Pois
música, poesia, teatro, dança...também ensinam.
As artes ensinam de forma não
teórica, pois as artes trazem o corpo e a sensibilidade como partes do seu
ensino e aprendizado. As artes ensinam a olhar, a ouvir, a tocar, enfim, a
sentir e pensar, em sentir para pensar.
Quando eu fazia faculdade na UERJ, o
secretário de cultura do Rio era o grande educador Darcy Ribeiro, e a UERJ se
tornou fonte e palco de inúmeros projetos culturais, tudo de graça.
As noites das terças, por exemplo,
eram aguardadas por nós como o dia que teríamos uma aula transformadora. Em vez de acontecer na sala de aula, o
aprendizado acontecia num simpático
auditório . No lugar dos livros, um piano; em vez de palavras, os sons da
música.
A gente entrava no auditório e
sentava, sabendo que não sairíamos os mesmos dali. Até que entra o nosso
professor para aquela aula aguardada,
aula que seria proferida com música. O professor era o grande pianista Nelson
Freire.
Ele já era um artista conhecido mundialmente,
porém estava ali com a mesma alegria e dedicação de sempre. Não é o lugar que
faz o artista, é o artista que transforma o lugar.
Não eram apenas alunos e professores
o público que ali estava, também havia funcionários e moradores da comunidade
da Mangueira, que ficava ao lado da UERJ.
Ele nos cumprimentava de forma
simples e simpática, sentava junto ao piano e , a um sinal silencioso seu, todas as forças luminosas do universo tomavam
a forma de música a nascer de suas mãos criativas e generosas.
Ontem faleceu o grande Nelson Freire.
Na minha formação em filosofia, hoje sei que ouvir sua música foi, para mim,
matéria indispensável e necessária.
Meu agradecimento e homenagem ao mestre.
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