quarta-feira, 4 de novembro de 2020

carolina de jesus

 

O filósofo Husserl dizia que o pensar teórico  , sempre formal e abstrato, requer a “suspensão das crenças”.   Não apenas  “crença” no sentido religioso , mas crença até mesmo enquanto impulso intuitivo do coração. O pensar teórico   requer que nos dispamos de tudo até ficar apenas a nudez  da “razão pura”. Já o poeta Coleridge retruca o filósofo e diz: a poesia requer não a suspensão das crenças, mas das descrenças. Sobretudo da descrença que nos derrota antes mesmo de começarmos a luta. Só liga sua vida à poesia quem crê no que a poesia pode.

 

“Mais importante do que o pensamento é o que ‘dá a pensar’, mais importante do que o filósofo é o poeta.” ( Deleuze)

“Quem não tem instrumentos de pensar, inventa.” (Manoel de Barros)




Essa história se encontra em La Fontaine: Eros, o Amor, entrou em conflito com Atena, a Deusa da Razão. Os deuses olimpianos tomaram o partido de Atena. Como punição, Eros ficou privado de ver a Luz do Olimpo, ficando assim cego. Afrodite interveio e pediu a Zeus que fosse dado a Eros ao menos uma bengala para ele poder caminhar. Zeus disse que não daria ao Amor uma bengala, e sim um guia: e assim Zeus mandou a Loucura ( “Mania”, em grego) conduzir o Amor a partir do coração. Aqui, “loucura” não tem o sentido de enfermidade mental , mas de uma inspiração transmutadora que guia o Amor por caminhos não alcançados pela luz da razão.

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