quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

os achadouros do poeta


No poema “Achadouros”,  Manoel de Barros nos fala de uma  senhora, a "negra Pombada, remanescente de escravos do Recife", que  contava aos meninos sobre Corumbá ter “achadouros” , que eram buracos  feitos pelos   holandeses  em seus quintais para esconderem suas moedas de ouro, antes de fugirem apressadamente do Brasil. Durante muito tempo em Corumbá, movidos pelo desejo de encontrar tais tesouros , os homens  escavaram  quintais para ver se ali achavam ouro...
Manoel diz que  poeta é quem busca  achadouros também, mas o tesouro que ele deseja achar é outro : o poeta escava o ordinário até achar  o extraordinário; ele escava o tempo até achar a eternidade; ele escava o “mesmal” até achar a novidade; ele escava a si mesmo até achar a criança que ainda não morreu.  Onde tudo parece estar  acabado e morto, o poeta escava e acha/inventa inauguramentos, minadouros: “O homem somente acha nas coisas aquilo que ele mesmo nelas pôs. O ato de achar se intitula  ciência; o ato de pôr  se chama arte.” (Nietzsche)



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