sábado, 1 de dezembro de 2018

- da necessidade do própolis

Para Espinosa, o ato de conservar se torna mero mortificar quando se separa o produto  do produtor. Não é apenas o produto que deve ser conservado: deve-se conservar, antes de tudo, o produtor que o gerou. Conservando o produtor, conserva-se sua potência de produzir o novo. Seria absurdo querer conservar apenas a mesa que o artesão produziu sem conservar também a potência do artesão de produzir futuras mesas , inclusive mesas diferentes daquelas que ele já fabricou.  Como conservar o produtor? Não limitando sua potência de produzir, sua potência de autogovernar-se. A democracia é a união indissolúvel do produto ao seu produtor. O produtor da democracia não é o Estado, este é apenas um de seus produtos. O produtor da democracia é a sociedade plural e aberta. A democracia não é um produto da sociedade, a democracia  é a própria sociedade enquanto autoprodutora de si. A democracia é, sobretudo, conservação da potência de produzir mais democracia. Quando o Estado se separa da sociedade e passa a servir apenas a um fragmento dela, somente assim nasce o Estado Conservador como mortificador daquela potência produtiva , que passa então a ser ameaçada.
 O formol e o própolis são agentes conservadores. Porém, o formol precisa que esteja morto o que ele conserva, ao passo que o própolis conserva a vida da colmeia para a produção do  mel na imanência dela. Os escravocratas queriam conservar a escravidão, os nazistas queriam conservar os campos de extermínio, os torturadores queriam conservar o aparato que lhes permitia torturar .O que caracteriza os loucos, inclusive, é seu empenho em conservar seu delírio, fechando-se às ideias produtoras de saúde mental.  A conservação só não se torna mortificação quando conserva o produtor e sua potência de produzir vida nova. “Estado Conservador” , como prega o Bozo, é aquele que quer ser o formol de uma sociedade que ele mesmo se incumbirá de mortificar.
                                                                                                                                                                                            
(  Espinosa : vida é pluralidade multicor)  


            



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