domingo, 30 de julho de 2017

a não velhez

O poeta Manoel de Barros já passava dos 80 anos quando um editor lhe pediu que escrevesse não uma, mas três memórias: da infância, da vida adulta e da velhice. Afinal, acredita-se que quem chega aos 80 anos muito tem a falar de si...Depois de algum tempo, o poeta enviou ao editor o seguinte livro: “Memórias da primeira infância”. Meses depois, novo livro: “Memórias da segunda infância”. Por fim, após um intervalo, veio nova publicação: “Memórias da terceira infância”. Como as memórias da vida adulta e da velhice não nasciam, o poeta foi indagado pelo editor a respeito, no que respondeu: “ só tive infância, não tive velhez”. O poeta diz que em seu lápis, na ponta do seu lápis, “há apenas nascimento”, “só narro meus nascimentos”, complementa. A "velhez" não é propriamente uma idade, afirma o poeta, a "velhez" caracteriza uma vida, individual ou coletiva, que não tem mais "embrião".




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