quarta-feira, 19 de julho de 2017

amor fati in juno

É manhã de quarta-feira, de um dia de junho; 
e chove chove chove...
Abro os olhos, abro a mente, 
e deixo que o acontecimento entre.
Não há em mim a menor nostalgia do que foi, tampouco o lamentar de que não seja dezembro ou janeiro agora . 
Não estou na memória, não estou na imaginação: estou inteiro nisto que em mim olha.
Daqui a pouco abrirei um livro, agora abro  a janela.  
Não há em mim desejo de corrigir a natureza. 
Ela não está certa ou errada, ela é.
Não sei quantas gotas essa chuva tem, o que sei é que  ela acontece inteira, nem gota a mais , nem gota a menos. 
Não as conto quantas são, apenas apreendo o todo aberto, mantendo-me também aberto, do céu quero-me grato -  no sol ou na chuva, no azul ou no cinza. 
Atravessa a fina chuva um bem-te-vi amarelo. 
Ele canta, chama por outro - que logo o encontra , ambos num mesmo galho estão agora. 
Olham o horizonte o mais longe que podem, não reclamam por isto ou aquilo. 
E vão sob a chuva, sabendo que chove, porém  suas asas abrem caminho por entre o azar e a sorte . 
Ser assim como eles,  sendo  aqui eu mesmo :para em palavras dizê-los, lá na vida com eles.

Chovendo no jardim de inverno






Nenhum comentário: