Mais importante do que o pensamento é o que “dá a pensar”;
mais importante do que o filósofo é o poeta.
Gilles Deleuze
“Philo” significa tanto “amor” como “amizade”. Assim, a
filosofia não é prática apenas intelectual, teórica (tampouco o pensar é
exclusividade do filósofo). E “sophia”, por sua vez, não significa o mesmo que
“razão”. “Sofia”, inclusive, é um nome, um singular nome, que pode expressar a
mulher, ou o que no homem for devir-feminino. Mas “Razão” é um padrão
masculino, “falocrático”.
Para Deleuze, a filosofia não é somente Conceito, ela também
é Afeto. Espinosa, libertariamente, identifica o pensar à Alegria. Outros, como
Kierkegaard, Heidegger e Sartre, dizem que pensar é fazer frente à Angústia.
Nunca, absolutamente nunca, o pensar pode nascer do ódio, da covardia, da
intolerância ou da mera ostentação de conhecimentos acadêmicos. Ao contrário, o
pensar talvez seja um esforço para se tentar vencer essas “sombras”, como diria
Jung, ou essas “servidões”, pessoais ou coletivas, conforme diagnosticou
Espinosa. O pensar é isso ou então não é nada...E é antes de tudo naquele que
pensa que a vitória deve anunciar-se primeiro. Não para colocá-lo num pódio
acima dos outros, mas para fazê-lo cultivar ouvidos para ouvir aquela lição
simples e modesta, sempre atual e nada livresca, de Espinosa: "não zombe,
não lamente: compreenda. Apoiado na compreensão, aja."
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