sexta-feira, 12 de maio de 2017

procusto

Procusto era um personagem mitológico que oferecia uma “cama”  fabricada por ele às pessoas que passavam cansadas  por uma estrada. A cama seria um amparo. Mas quando as pessoas se deitavam na tal cama,  acontecia algo estranho: ninguém cabia direito nela. Ora sobrava a cabeça, ora os pés. Quando isso acontecia, Procusto pegava um machado e decepava a   cabeça daquele que se deitou em sua cama, cortando também  os  pés. Havia ainda aqueles cujo tamanho era menor que o  da cama. Procusto  os esticava com cordas e correntes, acabando  por desmembrá-los . Ninguém sobrevivia àquela cama, que se tornava assim um túmulo. Quando as pessoas reclamavam com  Procusto, ele pegava uma  régua e media com técnica e precisão  a cama. Então, ele dizia: “A cama é perfeita, nenhum lado é menor do que o outro, isso é incontestável. Se há algum defeito, está em vocês, que são diferentes, heterogêneos. Amoldem-se ,mesmo que se violentando, e caberão na minha Verdade.” A cama de Procusto pode receber ainda outros nomes:   Ideologia, Minha Opinião, Meu Partido (incluindo o da "Neutralidade"). O que não couber dentro , o que não se amoldar,  violenta-se, corta-se, mata-se. A atitude procustiniana é a forma mais reativa de ódio à pluralidade democrática. Há Procustos  na direita, mas certamente também os há em certa esquerda : iguala-os a vontade de decepar a cabeça da honestidade a qualquer preço, pois ela não cabe em suas “Verdades”. 



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