domingo, 21 de abril de 2024

sociedades fechadas e sociedade aberta

 

Segundo o filósofo Bergson, existem dois tipos de sociedade: a fechada e a aberta. A sociedade fechada é representada sobretudo pela ideia de “pátria”, extensão simbólica da família patriarcal ,  uma microssociedade igualmente  fechada .

 Muito se fala em “amor à pátria”, porém  inúmeras vezes esse amor se alimenta  do ódio às outras pátrias: incontáveis guerras foram deflagradas em nome do “amor à pátria”. E há ainda  os que se acham “donos da pátria”, paranoicamente  sempre  perseguindo  aqueles  que eles consideram  “inimigos internos da pátria”.  Os pretensos “donos da pátria” consideram “inimigos internos da pátria”   aqueles  que agem por  uma sociedade mais igualitária e plural, uma Mátria não patriarcal.

  a sociedade aberta, segundo Bergson,  não é nenhuma pátria, por maior que uma pátria seja. A diferença entre a sociedade fechada e a sociedade aberta é a mesma que há entre o finito e o infinito, ou entre a  cerca que limita e o horizonte que amplia.

Existem muitas sociedades fechadas, porém a sociedade aberta é uma só, ao mesmo tempo una e múltipla. A sociedade aberta é a humanidade. O inimigo de uma pátria  pode ser outra pátria, mas o inimigo da humanidade é quem governa com insanidade uma pátria pondo em risco não só os que moram nela,  mas toda a humanidade .

Toda pátria é um recorte feito sobre a humanidade, de tal modo que todo habitante de uma pátria também o é, primeiro , da humanidade. Quando uma pátria se acha superior ao restante da humanidade, surge  então a pátria n-a-z-i-f-a-s-c-i-s-t-a cujo poder se alimenta  da  desumanidade.

O amor à pátria se torna excludente e negacionista  se não for inserido no amor à humanidade enquanto prática ética e política de proteção da humanidade de cada um.

Os defensores da pátria  excludente em geral idolatram o  militarismo   e imitam , com as mãos, armas; mas os defensores da humanidade seguram  com as mãos livros, pincéis, lápis... sem largar a mão daqueles que os “donos da pátria” perseguem ou deixam sem teto, sem terra, sem justiça, sem dignidade, com fome.

 Pertencer a uma sociedade fechada é falar uma língua determinada e ocupar determinado território. Mas pertencer à humanidade é se reconhecer em toda fala que , fazendo-se ação, potencializa  a  vida e a  dignidade,  não importando a nacionalidade.

Nenhuma pátria pode ser realmente livre e independente se o culto do “amor à  pátria” encobre crimes contra a humanidade.


 



Nenhum comentário: