Oriunda do grego, a
palavra “filosofia” nasceu da reunião de duas outras palavras: “philo” e
“sophia”. “Philo” significa tanto “amor” como “amizade”. Isso quer dizer que a
filosofia não é prática apenas
intelectual ou racional, pois ela se nutre também de uma dimensão
afetiva, expressa exatamente pelo termo “philo”.
Deleuze afirma, por
exemplo, que a filosofia não é apenas Conceito, ela também é Afeto (esse termo
não significa a mesma coisa que o mero sentimento ). Espinosa ensina, por sua vez, que a filosofia
é prática que se faz na Alegria. Já Epicuro menciona o Prazer ( não o prazer
fugaz com isto ou aquilo, mas o Prazer de Existir). Outros, como Kierkegaard,
Heidegger e Sartre, enfatizam o afeto da Angústia. Há ainda Aristóteles, para
quem a filosofia começa na Admiração.
Nunca,
absolutamente nunca, algum filósofo ensinou que a filosofia pode nascer do
ódio, da covardia, do medo ou da intolerância. Ao contrário, a filosofia é um
esforço para se tentar vencer essas “sombras”, como diria Jung, ou essas “tristezas”,
nas palavras de Espinosa. E é antes de tudo naquele que filosofa que a vitória
deve anunciar-se primeiro.
“Sophia” significa
“sabedoria”. Assim, uma definição simples e geral da filosofia seria: “amor ou
amizade pela sabedoria”, “afeto pela sabedoria”.
“Sophia” não é só
teoria, fórmulas, razões. Ela também é Vida, Arte, Poesia. São a essas coisas
que o filósofo dedica Afeto , não para guardar para si, mas para partilhar com
os outros, com quem o lê ou ouve.
Além disso, mais
importante do que ensinar sistemas e teorias, mais importante é despertar o gosto
filosófico pelas questões do pensar . Essas questões não se encontram apenas em
livros de filosofia, elas também vivem na poesia, na literatura, nas ciências ,
nas artes, enfim, na vida.
Não por acaso,
“saber” e “sabor” são palavras primas, elas possuem uma origem comum. É preciso
aprender a saborear as ideias e , também criticamente, saber distinguir as que
são alimento daquelas que são cicuta, veneno. Crítica e clínica, como ensina
Deleuze.
Sophia também pode
ser um nome próprio. "Sophia", ou "Sofia", é o belo nome
que muitos pais escolhem para chamarem a quem trazem à vida. Por outro lado,
“Teoria” é tão abstrato que alguém vivo não se deixa chamar assim, tampouco
pode ser o nome de alguém “Razão” ou “Ciência”. Não dá para imaginar alguém se
chamando “Razão”! (embora muitos imaginam encarná-la e serem donos exclusivos
dela...).
Mas assim como uma pessoa é mais do que seu
nome, Sophia é mais do que sabedoria, ela também é
generosidade, coragem, modéstia, invenção.
Deleuze chamou de “Pop’filosofia”
o agenciamento entre a filosofia e as
artes, sobretudo a poesia. Pop’filosofia é Sophia empoemando, cantando,
pintando, dançando, esculpindo...para assim nos fazer pensar mais plural e
potentemente, pois nos faz pensar sentindo também.
Em Manoel de Barros, Sophia
também atende por outro nome: Poesia.
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