As duas margens do rio prendem e
limitam o fluxo das águas. Mas , como
ensina Guimarães Rosa, o rio possui ainda uma terceira margem . Essa terceira
margem ora é a nascente e “minadouro” do qual o rio nasce; ora é o oceano no
qual o rio se infinitiza e se torna.
A terceira margem nos mostra que rio, oceano,
chuva, suor e lágrima...tudo é metamorfose diferente de uma mesma água fontana que banha, batiza, rega, orvalha e mata a sede de vida de quem bebe em
suas libertárias águas.
A gramática e suas regras
constituem as duas margens que contêm a
palavra. Porém a poesia é a terceira
margem da qual um sentido novo fontaneja,
torna-se fluxo avançando inaprisionável
, até horizontar-se oceano que abraça e é abraçado pela Mãe-Terra.
“A cisterna contém,
a fonte transborda.”
(W. Blake)
“Poeta é quem possui visão fontana.”
(Manoel de Barros)
“Um fluxo é como um rio cuja
correnteza é mais veloz no meio e rói
suas margens.”
(Deleuze)
( ontem, 27 de junho,
aniversário de nascimento de Guimarães
Rosa)
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