quarta-feira, 18 de agosto de 2021

a caverna...

 

Em sua famosa alegoria, Platão compara a uma “caverna”  o mundo no qual vivem os homens alienados. Esses homens não entraram  na caverna para  explorá-la. Ao contrário, eles são explorados dentro dela : nela vivem como   prisioneiros acorrentados. 

Eles estão acorrentados de costas para a saída da caverna e de frente para o fundo dela. Como esses homens naturalizaram essa  condição, ignoram que são prisioneiros, não se dando conta que estão acorrentados.

As correntes não são de ferro ou aço, elas são feitas de um material que vem dos próprios homens aprisionados: elas são feitas com  suas paixões e opiniões .  Ódio, ressentimento,  preconceito, medo...são exemplos de paixões que tornam os homens prisioneiros deles mesmos. A opinião é a palavra reativa e negacionista     destilada das  paixões , tornando-se a voz da ignorância.

O mundo da caverna não é totalmente escuro, pois entra nele um pouco da luz que vem de fora.  Por isso, no fundo da caverna se reflete o reflexo, apenas o pálido reflexo, das coisas reais que existem fora da caverna.

Mas como os acorrentados não sabem que existe um mundo fora da caverna,  aprisionados que estão pelas paixões e opiniões, eles imaginam  que o reflexo distorcido  do mundo é o próprio mundo, e assim tomam por real apenas sombras, “fake news”.

Os prisioneiros carregam a caverna não importa onde estejam:  ela é o mundo estreito dos que estão acorrentados a si mesmos  e submetidos aos que os mantêm nessa condição de servos voluntários.

Aprisionados a si mesmos, eles não  estão porém   privados de movimentos, desde que seus comportamentos  não subvertam a ordem estabelecida pelos “donos da caverna”.

Autointitulando-se “homens de bem”, esses prisioneiros  estão sempre falando em pátria e Deus;  mas a pátria e Deus deles são apenas sombras no fundo de uma obscura caverna teológico-política.

Somente o pensar libertário  é capaz  de quebrar  as correntes , atraído pela  luz que vem de fora. E de fora também vem o ar que não deixa que a gente sufoque. Primeiro, nossos olhos e pulmões devem achar a saída,  para que depois  nossas pernas  encontrem  a  direção e forças para nos levar até lá .




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