segunda-feira, 11 de maio de 2020

o fio de ariadne e o labirinto


Na mitologia , o “fio de Ariadne”  era uma linha que ajudava  aqueles que precisavam vencer labirintos, impossibilidades, sem se perder.  “Ariadne” significa, em grego, “aranha”. Pois  é  do ventre de Ariadne que nasce seu  fio libertário e artista.  Ariadne também é o símbolo inesgotável da vida  : ventre absoluto, o fio que sai dela é para fazer linhas de fuga. Alguns bordam quadros com tal fio, outros compõem música; há ainda os que fazem versos com esse fio, enquanto outros  tecem filosofias. O fio se desprende de um novelo. “Novelo” significa: “novo elo”. O ventre de Ariadne é a pura potência para gerar novos elos . Ao contrário das linhas retas que nascem e morrem de pontos, o fio de Ariadne, fio do afeto,  nasce de um novelo , como o rio que brota de sua fonte, ou como  o raio de luz  que se desprende do sol.
O poder autoritário pode até tentar cortar o fio, ou com ele fabricar uniformes para tudo vestir homogêneo. Mas enquanto houver  o existir não resignado,   o  fio cortado pode ainda  ser achado e de novo puxado para com ele se bordar  arte e resistência. Quando a gente dá as mãos para defender a  democracia, a pluralidade e a liberdade , nós mesmos  nos tornamos elos de um fio de Ariadne puxado do novelo da vida não conformista.
O fio de Ariadne se opõe ao fio das rígidas e autoritárias Moiras, as divindades que teciam o destino. Embora não fosse de ferro, o fio das Moiras era férreo: ninguém podia escapar do destino que elas traçavam, às vezes parecendo  "camisas de força". O fio de Ariadne, ao contrário, nasce de um novelo inesgotável e serve para se reinventar destinos.






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