Ter
e afirmar uma perspectiva não é a mesma coisa que emitir mera opinião. Em
geral, a troca de opiniões termina mal porque quem opina quer fazer prevalecer
seu ego, não importando o assunto tratado. O que caracteriza a opinião é que
ela é exclusivista, particularista e excludente do que lhe é diferente. Ter uma
perspectiva , ao contrário, é afirmar-se a partir de algo que permite outras
perspectivas diferentes. A perspectiva mais potente não é a que simplesmente
derrota a outra, mas aquela que leva mais longe a ideia comum que lhe dá
existência . No vídeo, duas perspectivas diferentes sobre o que é ser músico,
sobre o que é criar e afirmar sua singularidade.Eles não opinam sobre o que é a
música, com cada um achando que música é apenas o que ele faz . Eles expressam
perspectivas diferentes sobre o que pode a música, fazendo a música viver ainda
mais, afetando os que ouvem , dançam e tocam juntos. Cada um potencializa sua
singularidade ao afirmar o jazz como comum que os une, mas sem querer
homogeneizar em um “amém” sem espaço para discordância . É na imanência de uma
ideia comum, de um afeto comum, que se pode discordar sem brigar ou meramente
querer destruir o outro. É tocando que cada músico constrói o seu estilo acerca
do que é tocar. Eles não afirmam seu ego, eles afirmam a arte que lhes permite ir
além do que pode o ego de cada um tomado isoladamente. Apesar de aparentemente
disputarem, na verdade eles se agenciam e celebram, em coletivo, a alegria de
inventar algo junto. Não os move o ódio egoico recíproco ou a inveja um pelo outro, mas o afeto potente, em contraponto, pela arte que os faz ser o que eles são:
autênticos criadores .
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