terça-feira, 27 de novembro de 2018

os criadores


Ter e afirmar uma perspectiva não é a mesma coisa que emitir mera opinião. Em geral, a troca de opiniões termina mal porque quem opina quer fazer prevalecer seu ego, não importando o assunto tratado. O que caracteriza a opinião é que ela é exclusivista, particularista e excludente do que lhe é diferente. Ter uma perspectiva , ao contrário, é afirmar-se a partir de algo que permite outras perspectivas diferentes. A perspectiva mais potente não é a que simplesmente derrota a outra, mas aquela que leva mais longe a ideia comum que lhe dá existência . No vídeo, duas perspectivas diferentes sobre o que é ser músico, sobre o que é criar e afirmar sua singularidade.Eles não opinam sobre o que é a música, com cada um achando que música é apenas o que ele faz . Eles expressam perspectivas diferentes sobre o que pode a música, fazendo a música viver ainda mais, afetando os que ouvem , dançam e tocam juntos. Cada um potencializa sua singularidade ao afirmar o jazz como comum que os une, mas sem querer homogeneizar em um “amém” sem espaço para discordância . É na imanência de uma ideia comum, de um afeto comum, que se pode discordar sem brigar ou meramente querer destruir o outro. É tocando que cada músico constrói o seu estilo acerca do que é tocar. Eles não afirmam seu ego, eles afirmam a arte que lhes permite ir além do que pode o ego de cada um tomado isoladamente. Apesar de aparentemente disputarem, na verdade eles se agenciam e celebram, em coletivo, a alegria de inventar algo junto. Não os move o ódio egoico recíproco ou a inveja  um pelo outro, mas o afeto potente, em contraponto, pela arte que os faz ser o que eles são: autênticos criadores .



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