quarta-feira, 22 de agosto de 2018

o pantanal de manoel


O mundo atual confunde o mero “diminuir a distância no espaço ” com o “criar proximidade” com o sentido .  Por exemplo, posso pegar o avião e ir ao Pantanal tirar fotos e as exibir . Isso é diminuir a distância entre seres  no espaço. Mas quando Manoel de Barros põe o Pantanal em seus versos, de qual Pantanal seus poemas nos põem perto? O avião me leva para dentro do Pantanal físico , porém ele não é capaz de pôr o Pantanal dentro de mim. A foto registra o Pantanal como objeto imóvel para ser visto de fora. Já o Pantanal poético me aproximo dele nos versos : ele  não é um lugar que existe no fim do caminho, ele é o próprio caminho poético que fazemos criando-o também com nossa mente   empoemada pelos versos. Quanto mais próximos estamos desse Pantanal inventado, mais perto chegamos daquilo que em nós inventa sentidos para o mundo.
A tecnologia nos impõe o modo de ser dela, ela nada tem de "neutra": o avião nos leva longe, desde que entremos em seu estômago. O telescópio diminui a distância entre nós e as estrelas, desde que façamos nosso seu olho de vidro. O computador nos põe em comunidades virtuais, desde que nossa mente entre em sua “caixa”. O telescópio da ciência diminui a distância entre nós e a lua, porém nos afasta de seu mistério, pois a transforma em mero objeto, coisa. Não nos enganemos, assim somos para o feicibuqui: objetos mercadológicos com os quais eles ganham rios de dinheiro diminuindo a distância entre as empresas e nossa vida privada, vendendo-a. Seremos menos “ objetos comercializáveis” para eles quanto mais   nos colocarmos próximos da vida comum não privada ,  e agir para potencializá-la.




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