domingo, 5 de novembro de 2017

as ignorãças...

“A palavra abriu o roupão para mim:
ela quer que eu a seja.”
(Manoel de Barros)


O maior  sábio da Grécia não foi Sócrates, foi Tirésias, o cego. Ele assim ficou por ter visto  Atena nua. Ele viu a deusa da Sabedoria despida das vestes dos textos teóricos.
 Ele a viu enquanto ela se banhava em uma fonte que nunca seca, a qual somente acha quem  tem sede não apenas de água. É dessa fonte  que   brota o rio de Heráclito , pois mesmo a Sabedoria necessita do fluxo para renovar-se das ideias mortas.Atena  se adornava antes de ir à Academia, para ali ser vista   pelos doutos, que adoravam apenas a aparência dos panos que a cobriam . Somente fora da academia ela se mostrava espontânea.   Na fala e discursos dos doutos havia apenas formais palavras,  mas nos olhos de Tirésias a Sabedoria viu paixão . Ela o cegou não por ódio ou punição, tampouco para manter-se em segredo. Ela o cegou  para protegê-lo. Para protegê-lo de si mesmo e dos homens, incluindo os doutos.  Quando a Sabedoria se despe das teorias, é como poesia que ela se mostra.



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