domingo, 22 de junho de 2025

as duas mãos

 

 Em épocas remotas, um certo ser estranho que mal se distinguia dos primatas pegou o osso de um fêmur e dele fez uma arma. Assim se materializou, pela primeira vez, o poder sob a forma de ameaça de destruição e m0rte feita a outro ser. 

Essa mesma mentalidade ameaçadora e destrutiva depois se armou com pau,  flecha,  bala,  pólvora,  canhão ,  mísseis...Até chegar ao grau máximo dessa macabra involução : a bomb4 atômic4.

A mão daquele proto-primata que fez do osso uma arma é a mesma  que , hoje, ameaça apertar o botão nucle4r. Essa mão perdeu os pelos, as unhas estão cortadas, ela se tornou a mão do homem branco. Mas impulsionando  essa mão saída da manga  de um terno caro está o mesmo impulso cego, irracional.

Mas naquela mesma época primeva outros se valiam das mãos para criarem arte nas paredes das cavernas. Eram os ancestrais dos artistas e educadores.

De um lado, as mãos destrutífer4s a serviço  da m0rte; de outro, a mão criadora-artística afirmadora da vida.

Alguns teóricos “utilitaristas”, quase todos estadunidenses,  consideram que a guerr4 é o preço a ser pago pelo progresso material da humanidade. Eles elencam  vários apetrechos tecnológicos que “evoluíram” a partir da guerr4.

Ou seja,  esses teóricos “pragmáticos-realistas” consideram que a guerr4 não apenas destrói, ela também construiria tecnologias que , após a guerra, melhoram a vida do homem no planeta. Em geral, esses teóricos consideram que a mão da guerr4, e não a mão artística-educadora, seria aquela que , no fim das contas, produziu a “evolução” da humanidade.

Porém, esse raciocínio se mostra absurdo quando se considera o último fruto dessa árvore da violência: a arm4 atômic4. Portanto,  é uma ignorância falaciosa  usar os raciocínios para tentar justificar a existência da irracionalidade, sobretudo essa que hoje ameaça o planeta, seja pela guerra ou   por um sistema econômico desumano-predador, que são as duas faces da mesma moeda da involução iniciada naquele fêmur ameaçador.

Também considero uma falácia perigosa considerar que só haverá paz quando  todos os países tiverem  bomb4 atômic4, como se a luz pudesse nascer do cultivo da treva.

A guerr4 nos mostra que a evolução tecnológica pode estar a serviço de uma involução que  faz o homem regredir a uma mente semelhante àquela do proto-primata,

A humanidade não começou naquele fêmur levantado em ameaça, ela começou naquelas mãos que transfiguraram a realidade em arte, em linguagem, em cor e forma. São dessas mãos que nasceram a educação, a solidariedade e a empatia.

 

( Este belo livro é apenas uma sugestão. A despeito das mãos que se armam com pequenezas hediond4s, este livro não nos deixa esquecer a grandeza que também pode nascer das mãos humanas , e que são a essas mãos criadoras  que devemos unir as nossas , seja qual for a nossa prática: seja no simples cuidado com a saúde da nossa  mente e corpo, seja na ação comum pela  dignidade coletiva  )








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