sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

As linhas de fuga e o "Capetalismo"

 

Creio que não há nenhuma surpresa nas declarações recentes do dono da empresa Meta ( proprietária  do  facebook)  submetendo-se   servilmente ao trumpismo e outros obscur4ntismos , já que os algoritmos  da IA  da Meta   fazem isso há tempos, sobretudo censurando postagens de cunho progressista.

Isso mostra que, no “Capetalismo” ( como dizia o “Profeta Gentileza”) , nunca os interesses são exclusivamente “econômicos”, pois o fundo é sempre político ( aqui no Brasil ,  por exemplo, isso se revela  no ataque especulativo do “mercado” ao  governo ) . No caso da empresa Meta, o fundo é a política imperialista estadunidense e seus l4c4ios .

Aliás, em sua  própria declaração , o empresário das “Big Techs”  já deu o tom e indicou o caminho neg4cionist4 que, se depender dele,  suas redes  tomarão  , ao acumpliciar-se com   ações  criminosas  como se fossem  “liberdade de expressão”.

De minha parte, ante esses poderes que ameaçam nossa dignidade e vida pensante, sempre busco  na filosofia alguma ideia-ferramenta de resistência e luta para  partilhar, seja em sala de aula, aqui ou em qualquer outro  lugar . Por exemplo, a ideia de “linha de fuga” ensinada por Deleuze & Guattari.

Dito de maneira simples, linha de fuga não é fugir de algo, mas fazer fugir algo que algum poder ( físico ou simbólico)  quer reprimir, aprisionar. As linhas de fuga são construídas com criatividade , crítica , coragem e perseverança ; e  sempre a partir de dentro de  uma situação ou lugar onde se está ,  nunca a partir de fora.

Umberto Eco chamava essa prática de subverter a lógica da mídia desumanizante/alienante, no espaço  mesmo onde ela acontece,   de “guerrilha semiótica”.

Produzir e partilhar  conhecimento, empatia, sensibilidade social e afetos emancipadores  aqui nesta rede é, e  sempre será , um exercício de  linha de fuga.

É compreensível  e legítima a decisão de quem  escolha sair das redes, mas acho que também pode ser uma boa  estratégia a ação de quem decida permanecer para , de dentro, construir linhas de fuga, por mais simples e modestas que sejam.

As linhas de fuga sempre foram necessárias, porém o serão ainda mais nesse mundo que se avizinha.


( este livro é apenas uma sugestão )



 

“Profeta Gentileza” , ou simplesmente “Gentileza”, foi um personagem que caminhava pelas ruas do Centro do Rio distribuindo flores de graça, sem pedir nada em troca ( muito menos dízimo...). Foi o próprio povo que o batizou de “Gentileza”. Enquanto ofertava gentilmente  flores a quem passava, ele dizia : “O Capetalismo mata a gentileza...”  Seu “mantra” costumava ser: “Gentileza gera gentileza”. Para ele, ser gentil era uma maneira de ser anticapitalista.



 

O professor Leonardo Guelman escreveu um excelente livro sobre o Profeta Gentileza:



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