segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

minhas coisas favoritas

 

O céu de maio. O primeiro copo de água do dia. O escuro da sala que antecede o filme no cinema. O desenho sem esboço da criança. Reinventar o vivido pela palavra. As ruas do Centro no fim da tarde. Nem o fim e nem o começo, mas o meio. Não estar fora nem dentro, mas no limiar. Ouvir música...ouvir música...ouvir música. Nem o ontem e nem o amanhã, mas o hoje. Não roubar o tempo de ninguém. As trilhas, mais do que os lugares no fim das trilhas. Reler num livro antigo um sentido novo. Dizer com ações mais do que com palavras. Estender-me ao horizonte. Ir sem mapa. Andar ao lado. Deambular enquanto penso no que li. Ver  pardais entre as folhas de uma amendoeira. Ir pelo mato re-sendo o ancestral indígena que vive em meu sangue. Ver no céu tudo o que voa. Procurar nas árvores um verde que ainda não vi. Comer uma maçã antes de dormir.





 

O passado é a torrente que sai da fonte e leva o peixe longe. Mas o passado também é essa trilha redescoberta que o peixe remonta para subir à origem onde nasceu, e lá se banhar em águas novas.


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