O céu de maio. O primeiro copo de
água do dia. O escuro da sala que antecede o filme no cinema. O desenho sem
esboço da criança. Reinventar o vivido pela palavra. As ruas do Centro no fim
da tarde. Nem o fim e nem o começo, mas o meio. Não estar fora nem dentro, mas
no limiar. Ouvir música...ouvir música...ouvir música. Nem o ontem e nem o
amanhã, mas o hoje. Não roubar o tempo de ninguém. As trilhas, mais do que os
lugares no fim das trilhas. Reler num livro antigo um sentido novo. Dizer com
ações mais do que com palavras. Estender-me ao horizonte. Ir sem mapa. Andar ao
lado. Deambular enquanto penso no que li. Ver
pardais entre as folhas de uma amendoeira. Ir pelo mato re-sendo o
ancestral indígena que vive em meu sangue. Ver no céu tudo o que voa. Procurar
nas árvores um verde que ainda não vi. Comer uma maçã antes de dormir.
O passado é a torrente que sai da fonte e leva o peixe longe.
Mas o passado também é essa trilha redescoberta que o peixe remonta para subir
à origem onde nasceu, e lá se banhar em águas novas.
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