Cristo também foi um prisioneiro
político. Os poderosos de então diziam ser Cristo um “subversivo” . Esses
poderosos compraram com dinheiro um dissimulado para ser o traidor e acusador
de Cristo.
Depois o exército e a polícia da
época colocaram em marcha a vingança
ressentida dos poderosos: Cristo foi então
preso e torturado, e os torturadores torturavam Cristo zombando e rindo.
Alguns torturadores de Cristo
zombavam de sua dor imitando seus gemidos, tal como recentemente um fã de
torturadores imitou, zombando , o
sofrimento daqueles que a pandemia vitimou.
Antes de ser julgado, Cristo já
estava condenado, pois o ódio sempre condena antecipadamente o amor quando vai
julgá-lo, sobretudo quando o amor se torna uma prática revolucionária.
Porém , as ações de Cristo , como as
de Zumbi e Dandara, continuam vivas naqueles aos quais os poderosos chamam de
“subversivos”, ontem e hoje.
Espinosa foi xingado, ameaçado e
excomungado . E foi no seio de uma
comunidade que procurava imitar as ações
de Cristo que Espinosa encontrou apoio e guarida. Essa comunidade se autointitulava
“Os Colegiantes” , pois para eles Cristo era o mestre cuja lições pediam um
aprendizado diário e constante, um aprendizado realizado através de ações, mais
do que pela leitura da Bíblia .
“Jesus” , termo hebraico, é um nome;
porém “Cristo” , palavra grega, é uma condição que vai além da questão religiosa,
e isso talvez explique porque Deleuze chama Espinosa de “o Cristo dos filósofos”.
Entre os Colegiantes, Espinosa se sentiu
de alguma forma parte daquela comunidade, mas não
pelo aspecto religioso, e sim ético-político
. Mesmo porque os Colegiantes não tinham
igreja, padres, sacerdotes ou pastores. Eles procuravam imitar , em ações e não em
palavras, Cristo e Francisco. Enfim, era uma comunidade composta por Júlios e
Júlias Lancellottis.
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