sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Júlio Francisco

 

Cristo também foi um prisioneiro político. Os poderosos de então diziam ser Cristo um “subversivo” . Esses poderosos compraram com dinheiro um dissimulado para ser o traidor e acusador de Cristo.

Depois o exército e a polícia da época colocaram   em marcha a vingança ressentida dos poderosos: Cristo foi então  preso e torturado, e os torturadores torturavam Cristo zombando e rindo.

Alguns torturadores de Cristo zombavam de sua dor imitando seus gemidos, tal como recentemente um fã de torturadores imitou, zombando ,  o sofrimento daqueles que a pandemia vitimou.

Antes de ser julgado, Cristo já estava condenado, pois o ódio sempre condena antecipadamente o amor quando vai julgá-lo, sobretudo quando o amor se torna uma prática revolucionária.

Porém , as ações de Cristo , como as de Zumbi e Dandara, continuam vivas naqueles aos quais  os poderosos chamam de “subversivos”, ontem e hoje.

Espinosa foi xingado, ameaçado e excomungado .  E foi no seio de uma comunidade que procurava imitar  as ações de Cristo que Espinosa encontrou apoio e guarida. Essa comunidade se autointitulava “Os Colegiantes” , pois para eles Cristo era o mestre cuja lições pediam um aprendizado diário e constante, um aprendizado realizado através de ações, mais do que pela leitura da Bíblia .

“Jesus” , termo hebraico, é um nome; porém “Cristo” , palavra grega, é uma condição que vai além da questão religiosa, e isso talvez explique porque Deleuze chama Espinosa de “o Cristo dos filósofos”.

Entre os Colegiantes, Espinosa se sentiu de alguma forma parte daquela comunidade,   mas não pelo aspecto religioso, e sim  ético-político . Mesmo porque os Colegiantes  não tinham  igreja, padres, sacerdotes ou pastores.  Eles  procuravam imitar , em ações e não em palavras, Cristo e Francisco. Enfim, era uma comunidade composta por Júlios e Júlias Lancellottis.







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