domingo, 14 de janeiro de 2018

a subversão manoelina

Em sua apresentação do livro Arranjos para assobio , Ênio Silveira afirma que  a leitura das poesias de Manoel de Barros é uma “experiência subversiva” : não se lê Manoel  sem que mude em nós alguma coisa, mesmo que não saibamos definir exatamente isso que em nós muda. Pois este é o sentido original de sub-versivo:  fazer voltar ou verter à origem, onde era apenas “forma em rascunho”,  tudo o que se enrijeceu em “formas acostumadas”.
O  verso  manoelino “verte” a linguagem à sua origem . Tal origem não é uma “Verdade Imutável e Eterna” , mas  a (re)invenção de sentido: verter à “origem que renova” tanto linguagens como  mentalidades, para assim sub-verter, quem sabe,  acomodadas sociedades . 

Nem todo verso é subversivo nesse sentido. O verso de Manoel é .Seu verso nos  sub-verte  empoemando-nos novamente rascunho. Manoel    dá à poesia e ao verso a potência de dizerem mais do que poesia e verso. E cada um pode achar nesse dizer múltiplo sua própria voz única, talvez nunca pronunciada - ou então (re)inventá-la como assobio.



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