quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

a saúde da mente

Nise da Silveira cita Bachelard quando este dizia que nossa saúde mental , ou a falta dela, depende  mais do que fazemos com nossas mãos do que daquilo que teorizamos com nossa mente . Talvez por isso, depois de filosofar, Espinosa se dedicava a polir  lentes, como um simples artesão; Wittgenstein largava os livros para plantar  flores, feito um jardineiro;  Deleuze costumava desenhar entre as aulas, nisto se assemelhando a um cartógrafo; Plotino deixava  seus profundos estudos metafísicos para  ir alimentar com as próprias mãos crianças órfãs, como se fosse um cozinheiro.
Sobretudo para aqueles cujo pensamento ousa ir muito longe em busca de terras novas, para ele não se perder, é bom mantê-lo unido a mãos que tocam, transformam ou cuidam da realidade próxima, mãos que nada têm a ver com a “mão invisível” e pragmática do mercado e sua lógica de apenas contar dinheiro, sem se importar eticamente de onde ele veio.  Somente  mãos que cuidam ,alimentam ou transformam  podem ser    a afetiva âncora do pensamento no aqui e agora, sem fazê-lo perder o horizonte aberto  para o qual sempre decola .



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