quinta-feira, 7 de setembro de 2017

pensar não é a mesma coisa que imaginar

Espinosa afirma: Deus possui infinitos atributos, dos quais conhecemos apenas dois: a extensão e o pensamento. Pensamento e extensão , mente e corpo, são partes da Natureza, não são a Natureza inteira. Devemos tomar o máximo cuidado, por isso mesmo, para não querermos imaginar os outros atributos que não conhecemos, como se a imaginação pudesse mais do que o pensamento nesse campo. Decerto que a imaginação pode coisas diferentes daquelas que pode o pensamento,  porém poder coisas diferentes não significa poder mais naquilo que apenas o pensamento pode, que é exatamente o conhecimento do infinito. Se cedermos à tentação e acharmos que a imaginação poderá imaginar o que o pensamento não pode conhecer, começaremos a duvidar da própria potência do pensar, atribuindo   deficiência ao pensamento de pensar uma realidade mais elevada, que somente a imaginação poderia alcançar, de tal modo que acabaremos por diminuir aquilo  mesmo que podemos conhecer, como extensão ( ou corpo) e como pensamento (ou ideia). Enfim, entraremos no delírio, que se tornará tão ou mais perigoso quando querer expressar-se no campo  político, o que cedo ou tarde acaba acontecendo, outrora e agora, hoje. 
Quando a imaginação ignora a sua virtude, que é a de imaginar, e passa a querer  conhecer a Natureza , correm risco o corpo e as ideias : o corpo  será demonizado, pelos moralistas, ou narcisado, pelos egoístas, ao passo que as ideias  serão confundidas com meras elucubrações mentais, sem lastro  de saúde do espírito.





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