Há em Espinosa uma maneira muito peculiar de raciocinar. Não
é como a lógica aristotélica , decalcada que é da semântica da língua grega. A
lógica de Espinosa é geométrica na forma e poética no conteúdo. A geometria não é uma língua falada por um povo, senão a língua do próprio espírito. Porém tal língua não é capaz, sozinha, de produzir o sentido que o espírito expressa e fala.
Ler apenas o que Espinosa escreve não é apreender todo o sentido que há no que ele expressa. É preciso apreender o modo como ele raciocina, embora apenas o raciocínio também não expresse toda a potência de sentido que há no seu dizer.
Ler apenas o que Espinosa escreve não é apreender todo o sentido que há no que ele expressa. É preciso apreender o modo como ele raciocina, embora apenas o raciocínio também não expresse toda a potência de sentido que há no seu dizer.
A lógica espinosana se expressa nas palavras, mas as emendando , depurando delas as tristezas
e os ódios, os delírios que nascem de uma razão sem corpo .
Há em Espinosa o
singular encontro, nunca antes acontecido, entre a forma de um raciocínio geométrico unida a uma intuição poética que não se pode
reduzir a raciocínios, pois ela é de outra ordem, mais semelhante a um afeto
singularizante do que a um teorizar
universalizante.
Pensar não é apenas raciocinar. Pensar é unir o raciocinar a
um intuir poético que nunca pode ser reduzido a um raciocínio, e sem o qual
todo raciocínio é tão somente malabarismo intelectual.
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