domingo, 19 de março de 2017

introdução à filosofia





(versão ampliada da Introdução do livro)


                                                                                                    Serás menos escravo do amanhã,
                                                                                                   se te tornares dono do presente.

Sêneca 
                                                                      
                                                                                                                                        O não-filosófico está talvez mais no coração da filosofia que a própria filosofia,
 e significa que a filosofia não pode contentar-se
em ser compreendida somente de maneira filosófica ou conceitual.

Gilles Deleuze

Mais importante do que o pensamento é o que “dá a pensar”;
mais importante do que o filósofo é o poeta.

Gilles Deleuze

                                                            

Dar uma definição rápida do que significa a filosofia não é tarefa fácil. Oriunda do grego, a palavra “filosofia” nasceu da reunião de duas outras palavras: “philo” e “sophia”. “Philo” significa tanto “amor” como “amizade”. Isso quer dizer que a filosofia não é prática apenas  intelectual ou racional, pois ela se nutre também de uma dimensão afetiva, expressa exatamente pelo termo “philo”. Deleuze afirma, por exemplo, que a filosofia não é apenas Conceito, ela também é Afeto (este termo não significa a mesma coisa que o mero sentimento [2] ). Espinosa ensina, por sua vez, que a filosofia é prática que se faz na Alegria. Outros, como Kierkegaard, Heidegger e Sartre, enfatizam o afeto da Angústia. Há ainda Aristóteles, para quem a filosofia começa na Admiração. Nunca, absolutamente nunca, algum filósofo ensinou que a filosofia pode nascer do ódio, da covardia, do medo ou da intolerância. Ao contrário, a filosofia é um esforço para se tentar vencer essas “sombras”, como diria Jung, ou essas “tristezas”, nas palavras de Espinosa. E é antes de tudo naquele que filosofa que a vitória deve anunciar-se primeiro.
O filósofo não é apenas aquele que domina a prática teórica e metodológica de definir conceitos, ele também é aquele que se afeta pelo que “dá a pensar”, e o que dá a pensar nem sempre pode ser explicado por conceitos. Nem sempre o que dá a pensar já está pensado e definido em livros e teorias. Um filme, uma música, um gesto, uma paisagem , um poema, um acontecimento...também dão o que pensar, ou podem dar o que pensar. Mas nada dá tanto a pensar do que a própria vida.





[2] Ver O que é a filosofia? , de Deleuze e Guattari. 

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