quinta-feira, 2 de março de 2017

as dobras do poeta

Muitos exaltam as linhas retas e  os pontos; outros idolatram as alturas ou  as profundidades. O homem racional, por exemplo, crê que os caminhos seguros são apenas os retos, dos quais se parte após um planejamento sem brecha para o acaso, e retilineamente a razão teoriza seu porto: a Verdade. Os místicos, por sua vez, amam as alturas, as ascensões, as elevações. Já os profundos vivem a mirar poços, abismos, que dizem existir dentro deles.
Todas essas imagens inspiraram doutrinas e visões do mundo científicas, religiosas ou artísticas. Contudo, o mais surpreendente é a ideia da dobra. Deleuze associa a dobra ao barroco. Não apenas ao barroco, como à própria vida. A vida é produtora de dobras. Não há no vivo nada que se assemelhe a uma linha reta.




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