quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Ruína...

cena do filme Língua de brincar, de Gabraz Sanna e Lúcia Castello Branco


- poema Ruína, de Manoel de Barros
Um monge descabelado me disse no caminho: “Eu queria construir uma ruína. Embora eu saiba que ruína é uma desconstrução. Minha ideia era de fazer alguma coisa ao jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono, como as taperas abrigam. Porque o abandono pode não ser apenas de um homem debaixo da ponte, mas pode ser também de um gato no beco ou de uma criança presa num cubículo. O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado para o arcaico ou mesmo de uma palavra. Uma palavra que esteja sem ninguém dentro (O olho do monge estava perto de ser um canto). Continuou: digamos a palavra AMOR. A palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela. Queria construir uma ruína para a palavra amor. Talvez ela renascesse das ruínas, como o lírio pode nascer de um monturo


http://www.uniderpfm.com.br/fmb/noticia/uff-faz-homenagem-a-centenario-de-manoel-de-barros/662#.V-0oovArLIU

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