O NASCIMENTO
DO HOMEM NA MITOLOGIA GREGA
O céu da teoria é cinza;
mas sempre verdejante é a árvore da vida.
Goethe
A
mitologia grega constitui o primeiro capítulo da história da filosofia. Neste
período,porém, inexistia ainda o logos,
uma vez que todos os fenômenos, tanto os naturais quanto os humanos, todos os
fenômenos eram explicados a partir do mythos.Mesmo
quando o logos vier predominar, já na
Grécia Clássica, mesmo assim o mythos
ainda se fará presente, sobretudo nos relatos de Platão e dos autores do
teatro.
Há
nos mitos a presença marcante de uma narrativa poética. As principais fontes
dos mitos são os poemas de Hesíodo ( Teogonia
e Os trabalhos e os dias) e Homero
(Ilíada e Odisséia).
Todavia, estes poetas não são os autores dos mitos, eles apenas os relatam por
escrito, uma vez que os mitos nasceram das narrativas populares cuja origem se perde no tempo.Os
mitos surgem em uma Grécia Arcaica ágrafa, sem escrita, predominante oral. Daí
a importância da palavra falada como instrumento de construção da memória e identidade
daquele povo, que será o berço da filosofia e da democracia.
Da
perspectiva da Antropologia Filosófica, interessa-nos conhecer como se esboçou,
nesse período inaugural, a primeira
concepção grega do homem. Mas para compreender o surgimento do homem, segundo
aquela concepção, é preciso antes lançar um olhar sobre como vieram a existir
os deuses gregos,pois teriam sido estes que criaram o homem.Criaram-no com uma finalidade,
com uma razão.
Faremos
a seguir uma exposição deliberadamente simples, e que possui um teor
interpretativo mais atento ao sentido geral do que aos detalhes. Interessa-nos,
sobretudo, mostrar a natureza simbólica de tal linguagem mítica. Ao fim do
texto será apresentada uma pequena referência bibliográfica, caso haja o desejo
de querer saber mais.
-
A origem dos deuses gregos
O
que vem primeiro que tudo?As primeiras páginas do poema Teogonia, de Hesíodo, buscam dar uma resposta a esta pergunta segundo
a perspectiva do mito. Antes de tudo existir, antes mesmo dos deuses existirem,
existia apenas o caos. O caos é uma realidade indeterminada, um “abismo sem
fundo”, conforme os termos da Teogonia.
Nele, o alto e o baixo, o pequeno e o grande, o belo e o feio,o justo e o
injusto, a noite e o dia...tudo isto e mais outras coisas ainda não estavam
distintas:tudo estava misturado, carecendo ainda de princípios que os
separassem. Assim, o caos é a indistinção de coisas que precisam ser separadas.
Simbolicamente falando, o caos prepondera quando aquele par de contrários ainda
são tomados como sendo a mesma coisa. Então, quando o injusto existe da mesma maneira
que o justo, quando a feiúra ( moral) existe com a mesma força que a beleza,
quando o baixo não se distingue do alto, quando a escuridão e a luz são confundidos...quando isto acontece
estamos diante do caos ( tanto naqueles tempos quanto nos dias que correm...).
A
primeira divindade a surgir do caos foi
Gaia. Em português, a Terra.Com Gaia, surgiu o chão,o plano horizontal, que é a
dimensão fundante do espaço.Do ventre de Gaia, e não do caos, surgiu outra
divindade: Uranos, o Céu. Este se pôs acima da Terra, e lá ficou. Entre ambos,
um vazio.Várias outras divindades gregas nasceram oriundas do caos.A divindade
mais importante foi Eros, o Amor. Segundo o mito, esta divindade se
caracterizava por “unir o que está separado”. Então, ele foi colocar-se entre o
Céu e a Terra.Sob o poder de Eros, Terra e Céu se uniram, e desta união
surgiram novas divindades. Surgiram então Cronos ( o Tempo), Mnemósyne ( a
Memória), Thêmis ( a Justiça) , e mais outras divindades.
Doravante,
as divindades não representavam apenas aspectos físicos, uma vez que surgem
divindades que, simbolicamente, expressam afetos e faculdades humanas (como a
memória). As últimas divindades a nascerem, porém, representavam aspectos não muito
louváveis. É o caso dos Ciclopes. Estes eram gigantes e possuíam apenas um olho
no meio da testa. Simbolicamente, estas divindades representavam, com seu único
olho, a estreiteza que pode haver na visão quando ela se torna refém das
paixões, como será o caso,na democracia ateniense, da doxa. A doxa, a mera
opinião infundada, nasce de um olhar limitado.Apenas uma visão limitada pode
servir à violência. No mito, os Ciclopes eram a expressão da violência e da
ignorância.
Na
sequência da narrativa mítica, Cronos, o Tempo, destrona o Céu e passa a reinar
no lugar dele. Com o reinado do Tempo, o
Céu se afasta totalmente e se torna tão distante da Terra que muitos esquecem
que ele existe. Então, o Tempo se casa com Réia. Temendo que um filho seu, um
filho do tempo, fizesse o mesmo que ele fez com o Céu, o Tempo pede a Réia que
esta lhe dê o filho tão logo este nasça. Sob o seu poder, cada filho do tempo
era então devorado.O Tempo devora cada filho que ele gera.
Certa
vez, contudo, nasceu um filho que
portava certo aspecto que muito impressionou Réia. Esta se deu conta que este
filho não deveria ser devorado pelo Tempo. Havia algo neste filho que parecia
escapar ao poder destruidor do Tempo. Réia então o guardou no ventre da Terra.O
filho do Tempo cresceu escondido . Seu nome: Zeus, o deus da justiça enquanto
virtude ética. Crescido, este luta contra o Tempo e vence sua tirania que a
tudo devora. Com Zeus nasce o Olimpo, a elevada morada divina que torna mais próximo Uranos, o Céu. Com sua vitória, Zeus liberta
as divindades que o Tempo tentou destruir.
-
O nascimento do homem
Até
esse ponto da narrativa ainda inexistia o homem ,bem como todos os outros seres
vivos . Zeus pede então a dois irmãos seus que fizessem toda a obra. Estas
divindades se chamavam Prometeu e Epimeteu. "Epi" significa "tarde de mais", ao passo que "meteu" deriva de "métis": "prudência" ou "sabedoria prática". Assim, Epimeteu significa "saber tarde demais o que deveria ter sido feito". Já Pro-meteu tem o sentido de "saber antes o que deve ser feito". Epimeteu é o que só vê depois, quando "já é tarde", enquanto Prometeu é o que planeja e projeta.
Zeus lhes incumbiu da tarefa de criar a natureza. Ele fez algumas exigências : cada ser criado deveria ser dotado de uma essência que lhe permitisse viver e se desenvolver. E o mais importante: a principal criatura a ser criada deveria ser o homem. E tudo deveria ser feito dentro de um determinado tempo, ao fim do qual Zeus retornaria para ver a obra. Prometeu era a divindade mais indicada para comandar a obra, pois Epimeteu era uma divindade cuja característica principal era a volubilidade e ausência de constância. Porém, por estar atarefado com outras coisas, Prometeu pediu a Epimeteu que este começasse a obra. Prometeu viria ao fim para concluí-la.
Zeus lhes incumbiu da tarefa de criar a natureza. Ele fez algumas exigências : cada ser criado deveria ser dotado de uma essência que lhe permitisse viver e se desenvolver. E o mais importante: a principal criatura a ser criada deveria ser o homem. E tudo deveria ser feito dentro de um determinado tempo, ao fim do qual Zeus retornaria para ver a obra. Prometeu era a divindade mais indicada para comandar a obra, pois Epimeteu era uma divindade cuja característica principal era a volubilidade e ausência de constância. Porém, por estar atarefado com outras coisas, Prometeu pediu a Epimeteu que este começasse a obra. Prometeu viria ao fim para concluí-la.
Quando
Epimeteu voltou-se para a natureza para criar os seres deu-se conta que diante
dele estava apenas uma matéria muito indeterminada e confusa, na qual as formas
ainda não haviam se separado e distinguido da matéria .Ao invés de começar pelo
homem , Epimeteu inicia a obra pelos animais. A cada espécie criada ele a fazia
dotar de alguma virtude da natureza, para que assim tal espécie pudesse se
desenvolver e sobreviver. Em algumas espécies ele pôs a força, em outras ele
colocou o veneno, em outras ainda a capacidade de voar; e houve aquelas que
receberam a capacidade de respirar debaixo d’água. Algumas espécies receberam
um cobertor natural para que pudessem ,apenas com a espessa pele, suportarem o
frio extremo. Outras espécies receberam uma visão tão arguta que mesmo à noite
eles poderiam ver. Enfim, Epimeteu foi esvaziando a dispensa da natureza e
dotando cada espécie com aquilo que a natureza poderia oferecer. Chega então
Prometeu para inspecionar a obra. A primeira coisa pela qual ele procura é o
homem. Onde está o homem?Epimeteu se dá conta então que se esquecera
completamente do homem. E indica para Prometeu onde estava o homem: este era um
simples esboço no barro, um rascunho que mal se distinguia daquela matéria. Em
latim, barros é “húmus”. Etimologicamente, “homem” procede de “húmus”.
Prometeu
percebe então que a criação do homem não poderia ser feita apenas a partir
daquilo que a natureza poderia oferecer. Prometeu se decide a ir buscar no
divino o modelo para construir o homem.
A
primeira divindade que Prometeu buscou foi Hefesto, o deus artesão-operário.
Este deu a Prometeu, para este dar aos homens,a habilidade de usar as mãos. As
mãos passaram a ser empregadas para fabricar coisas. Nascia assim a técnica e,
com ela, o homo faber: o homem que
fabrica coisas para seu sustento. Este homem já não aceita simplesmente a
natureza externa: ele a transforma. Todavia,
apenas usar as mãos não tornaram o
homem um ser completo, pois as feras
conseguiam ainda assim destruí-lo e vencê-lo. Prometeu busca ajuda de outra
divindade: Atena, a deusa da sabedoria. Este aceita dar a Prometeu, para este
dar aos homens, a capacidade de raciocinar: os homens recebem a inteligência.
Com a inteligência, os homens aprendem a contar, a medir, a raciocinar, enfim,
a falar. Com a inteligência, nasce o homo
sapiens.
Todavia,
os que receberam a inteligência não foram os mesmos que receberam a habilidade
técnica-manual. Entre estes dois tipos de seres humanos, os trabalhadores e os
intelectuais,passou a existir então uma inimizade: cada um via no outro apenas
a capacidade que faltava a este outro, e que era a capacidade daquele que
julgava depreciativamente a diferença.
Cada classe desprezava a outra. Eles não se uniam, não viam entre si nada de
comum. Assim, facilmente a natureza os vencia. Prometeu resolve ir então
diretamente a Zeus e pedir-lhe ajuda. Este aceita conceder a Prometeu, para
este conceder aos homens, o sentido ético da justiça. Zeus fez uma exigência:
que este sentimento fosse colocado em todos os homens, e não apenas em parte
deles. Este sentimento seria o afeto que os levaria a agir conforme o comum, e
não apenas conforme o interesse particular, individual ou de classe.Prometeu
resolve então colocar o afeto pela justiça,pelo comum, exatamente no lugar que
serviria para mediar os conflitos entre os intelectuais e os operários, entre a
teoria e a técnica, enfim, entre o cérebro e as mãos. Este lugar mediador foi o
coração. É o coração que equilibra o homem, o equilibra primeiramente dentro
dele mesmo, para que assim ele possa se equilibrar na relação com os outros. Nasce,
dessa forma, o homo eticus.
Seguindo
a justiça, os homens aprenderam a cooperar: e assim nasceu a sociedade. O homem
não era mais apenas um ser individual, ele se percebeu também um ser de comunidade,
um ser social. E assim eles passaram a comandar a natureza: tanto a externa
quanto a interna, aquela que se revela como passionalidade ( ódio, rancor,
cobiça, etc.).
Contudo,
por muito tempo não durou aquela conduta pautada na justiça.Como sabiam falar e
dominar a inteligência,logo os intelectuais criaram leis. Depois, o Estado. E
este passou a ser monopólio deles. Nasceu assim o déspota.E este passou a crer
que possuía uma origem diferente: não o barro, mas o ouro. O déspota criou uma
casta com privilégios,bem como um exército para reprimir os operários pobres,
que foram então tornados servos. O homem passou a ser então o leão do outro
homem, a serpente do outro homem, o lobo do outro homem. Horrorizado, Zeus
pensou em destruir com um raio toda a humanidade. Mas decidiu se vingar com uma
lição: levaria o homem a ser destruído pela sua própria ambição e pouco amor
pela justiça.
Zeus
então pede a Afrodite que crie um ser que seria o instrumento de sua vingança.Alguns outros deuses a ajudaram na tarefa, como o deus Hefesto, o deus-artesão, que modela no barro úmido o que Zeus vai pedindo a Afrodite. O homem fora criado no barro seco, ao passo que a mulher o foi no barro úmido. Por isso, a mulher é mais maleável e receptiva do que o homem, assim como o é o barro úmido em relação ao seco. O barro úmido é matéria que ainda se pode modelar, pois ele é o símbolo da sensibilidade.
Zeus solicita a Afrodite que crie um ser que o homem fique cego ao vê-lo. A pele desse ser deveria ser tão macia que, ao tocá-la, o homem se esqueceria do aveludado das pétalas. Esse ser também deveria ser tão perfumado que o homem ,ao sentir seu perfume, também se esqueceria do perfume das rosas. Esse ser também saberia usar com sedução as palavras, para que o homem sempre acredite nelas. Para tal, Hermes, o deus da comunicação, põe na boca desse ser palavras sedutoras.Mas tais palavras nasciam apenas de sua boca, e não de seu ser inteiro, como arma para lutar contra a força física do homem. E o mais importante: esse ser deveria ter dois estômagos, para que a insatisfação fosse o seu estado mais freqüente, e nunca o homem pudesse preenchê-la totalmente. O nome desse ser : Pandora, a primeira mulher que foi criada.Mais do que a mulher, Pandora representa o feminino.
Zeus solicita a Afrodite que crie um ser que o homem fique cego ao vê-lo. A pele desse ser deveria ser tão macia que, ao tocá-la, o homem se esqueceria do aveludado das pétalas. Esse ser também deveria ser tão perfumado que o homem ,ao sentir seu perfume, também se esqueceria do perfume das rosas. Esse ser também saberia usar com sedução as palavras, para que o homem sempre acredite nelas. Para tal, Hermes, o deus da comunicação, põe na boca desse ser palavras sedutoras.Mas tais palavras nasciam apenas de sua boca, e não de seu ser inteiro, como arma para lutar contra a força física do homem. E o mais importante: esse ser deveria ter dois estômagos, para que a insatisfação fosse o seu estado mais freqüente, e nunca o homem pudesse preenchê-la totalmente. O nome desse ser : Pandora, a primeira mulher que foi criada.Mais do que a mulher, Pandora representa o feminino.
Zeus
a envia de presente aos homens. O mais poderoso dos homens a faz de esposa.Zeus
envia um baú ao casal. Na tampa do baú estavam escritas as seguintes palavras:
“Não abra antes do permitido”.A
irrefreável curiosidade também era uma das características de Pandora.Não
obstante a advertência, ela abre o baú. Dele saem a doença, a pobreza, as
pestes e o pior dos males: a morte. Até então os homens não morriam, tampouco
procriavam. Quando Pandora se apressou em fechar o baú, dentro dele ficou
apenas a esperança.
Entretanto,
algo de misterioso acontece com Pandora, mais especificamente com aquele seu
segundo estômago. A semente da vida nele se depositou, cresceu e se alimentou.
O segundo estômago morreu para que no lugar dele nascesse o útero.
Ela
que trouxe a doença e a morte, agora dentro dela estava sendo gerada a vida. O homem foi criado do puro barro seco. Mas a mulher foi criada tendo como modelo o divino. A mulher teve como modelo Afrodite e Atena.E sempre quando a mulher potencializava o feminino que está nela , através dela vemos o divino.
Zeus viu então um novo papel para Pandora (que, simbolicamente, representa a sensibilidade, a sensibilidade à vida). Que ela seja o instrumento da educação do homem.Que suas palavras expressem lições que não nasçam apenas na boca, e nesta morram. Que a sensibilidade à vida auxilie o homem a entender o que a inteligência não compreende; que o amor à vida o ensine a apreender realidades que as mãos não podem tocar.
Zeus viu então um novo papel para Pandora (que, simbolicamente, representa a sensibilidade, a sensibilidade à vida). Que ela seja o instrumento da educação do homem.Que suas palavras expressem lições que não nasçam apenas na boca, e nesta morram. Que a sensibilidade à vida auxilie o homem a entender o que a inteligência não compreende; que o amor à vida o ensine a apreender realidades que as mãos não podem tocar.
-
Conclusão
Pelo
mito podemos perceber que o homem é
apresentado como um ser dotado de partes diferentes, como um ser heterogêneo.
Ao invés dessas partes se harmonizarem, nasce no entanto um conflito. De um
lado, o empirismo da técnica; de outro, a postura teórica da inteligência . Este conflito também
se mostrará no campo político, impedindo a convivência democrática dos homens.
Platão chamará de “faculdades” essas partes diferentes do homem. Séculos
depois, Kant retomará a mesma nomenclatura, criando assim uma “doutrina das
faculdades”, componente fundamental de sua filosofia e daquelas que vieram depois,
seja para referendá-la ou para criticá-la.
O
mito aponta ainda para uma faculdade muito especial: a sensibilidade,
simbolizada pelo coração. O coração como símbolo da vida em seu sentido mais amplo,
não apenas biológico ou orgânico. De um lado, a técnica; de outro, a teoria. Entre
ambas, a necessidade da ética.
-Referências
básicas:
BACON,
F. A sabedoria dos antigos. São
Paulo: Unesp, 2002.
BRANDÃO,
J. Dicionário mítico-etimológico.
Petrópolis: Vozes, 1991. 2vols.
___________.
Mitologia grega. Petrópolis: Vozes, 1998. 3 vols.
NOGARE,
P. D. “O humanismo dos gregos”, Humanismos
e anti-humanismos: Introdução à Antropologia Filosófica. Petrópolis: Vozes,
1988.
PETERS,
F. E. Termos filosóficos gregos - um léxico
histórico. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1974.
SOUZA,
E. L. L. de. “O nascimento da jurisprudência”, Filosofia do direito, ética e justiça – filosofia contemporânea. Porto
alegre: Núria Fabris, 2007.
VERNANT,
J-P. Mito e pensamento entre os gregos.
Rio de Janeiro: Paz e Terra,1990.
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