quarta-feira, 29 de outubro de 2025

necropolíticas

 

As ciências humanas ensinam que o ser humano nasceu de um processo: a sublimação. O ser humano é, ao mesmo tempo, o criador desse processo e o seu produto. A arte, a cultura e a civilização são resultados desse ato de sublimar.

A palavra “sublimação” não significa repressão daquilo que em nós é animal e instintivo, pois em “sublimação” está presente a ideia de “sublime”, um afeto nascido da ampliação ou potencialização do nosso pensamento agenciado à sensibilidade . Na física, “sublimar” designa a passagem de uma substância de um estado sólido, pesado, para um estado gasoso ou fluido.

Assim, sublimar é transmutar uma energia, ampliá-la, encontrando para ela novos meios, canais e objetos. A cultura humana é um processo de transmutação de uma energia animal, instintiva, pulsional. Na natureza, essa energia faz-se instinto que, por intermédio dos órgãos do corpo, busca satisfazer-se imediata e diretamente . A cultura nasce da sublimação-potencialização dessa energia , para assim criar para ela novos objetos, objetos simbólicos.

“Potência” e “energia” não são termos sinônimos. A potência é uma transmutação da energia, para assim fazê-la força criadora. Transmutar é fazer nascer, de uma realidade dada, uma realidade nova (tal como a borboleta que se transmuta da lagarta).

A potência se aumenta transmutando-se no produto que ela cria. A energia pulsional é uma expressão das mesmas leis que regem e determinam o mundo físico; porém a potência vital é criação de novos sentidos para a vida, por intermédio de ideias, cultura e arte.

Mas a sublimação tem seus inimigos, que são os mesmos inimigos da cultura, da arte e da ciência. O inimigo da sublimação não é o instinto ou a pulsão, o inimigo da sublimação é a barbárie. “Barbárie” significa “aviltamento”, no sentido de “tornar baixo”, “vil”. A barbárie torna o homem baixo e vil , apequenando-o.

A lógica da barbárie é a da guerra. Guerra não no sentido de meio de luta contra as tiranias e injustiças, mas guerra como um fim nela mesma, a guerra vil como instrumento da necr0polític4.

Enquanto a sublimação é o esforço vital para vencer as tiranias, a barbárie faz da tirania o seu Deus teológico-político. A barbárie não faz política, ela faz guerra contra a política; a barbárie não promove cultura, e sim guerra contra a cultura. A guerra deles é a guerra suja: com uma das mãos seguram armas , com a outra celulares para bombardearem fake news , como o bolsonarista governador do Rio Cláudio Castro e suas vilezas.

( imagem: em protesto contra a violência , uma moradora de uma comunidade pobre do Rio planta flores no buraco das balas...)




Nenhum comentário: