Após derrotar as
forças obscuras associadas ao ódi0, à
ving4nça e à violênci4 , Zeus ,
divindade associada à ética e à justiça, decidiu casar-se com Mnemosyne , a divindade da Memória.
Desse enlace entre
a ética, a justiça e a memória nasceram as Musas, divindades das Artes. As
artes não são apenas para distrair ou entreter, pois elas nasceram do
agenciamento entre a justiça , a ética e
a memória para cantarem juntas a vitória
de Zeus sobre as forças da obscurid4de.
Nesse sentido
originário, não apenas a poesia, o
canto, a música , o teatro ...são artes. Tornar a vida digna, justa, solidária
, potente...isso também requer arte, talvez a mais necessária delas: a arte
cuja obra a criar é a nós mesmos, individual e coletivamente.
O filme “Ainda
estou aqui” possui esse sentido originário de uma memória da
ética, de uma ética da memória, como instrumento da justiça social que dá
sentido às lutas políticas igualitárias, não somente as de ontem, mas sobretudo
as de aqui e agora.
Em seu livro
1984, Orweell nos mostra que um dos objetivos de todo totalit4rismo é apagar a
história, ou (re)escrevê-la de forma deturpada ( como tenta fazer hoje a Brasil Paralelo e suas fake news ameaçando nossas
escolas...).
Não por acaso, Alexandre de Moraes e Flávio Dino citaram
ontem na fundamentação de seus votos a
questão da memória como elemento constituinte da defesa da ética e da justiça, uma memória que deve não
nos deixar esquecer não apenas os atos vis da b4rbárie, mas também que se pode
vencê-la, se em torno da ética e da justiça nos agenciarmos. Dino, inclusive, cita o filme “Ainda estou aqui”
como exemplo dessa implicação imanente entre arte e justiça.
Não só a justiça
feita por juízes, mas sobretudo aquela que deve ser mantida viva por nós mesmos
enquanto justiça social da qual todos nós , enquanto estivermos aqui, somos os
atores.
No julgamento de
ontem, dava vida a essa memória a presença dos parentes ( como Hildegard Angel e Ivo Herzog) dos desaparecidos e mortos pela ditadura, que
agora, enfim, estará onde merece: no banco dos réus.
Em sentido seu originário
, cada obra de arte é um canto que celebra e co-memora, cria memória, daquilo
que não nunca pode ser esquecido: que a b4rbárie pode ser derrotada.
@sem anistia!
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