Espinosa dizia que um homem pode ter
poder e mandar em exércitos, ter dinheiro e mandar nos empregados de sua
empresa, porém a coisa na qual o homem menos manda é em sua própria boca. Quanto
mais ignorante e preconceituoso é um homem, mais ele será servo do que sai de
sua boca. Pois é fácil esconder-se atrás de números e fórmulas econômicas , mas
o mesmo não é possível fazer com as palavras, pois as palavras se enraízam em
partes da mente do homem que ele mesmo não controla, onde estão pensamentos que
ele gostaria de esconder do público. Os estoicos diziam que é mais fácil
controlar o que entra pela boca do que o que sai. Pois o que sai da boca do
homem é o que ele pensa. Os estoicos também diziam que sabedoria pode ser
escondida, mas não pode ser ocultada a ignorância. Dia desses o ministro Guedes
disse que “é o pobre que destrói a floresta amazônica”, depois falou que
“funcionários públicos são parasitas”, ontem afirmou que é bom o dólar estar
alto pois com dólar baixo “até empregadas domésticas viajam para o exterior”.
Tais verbalizações são da mesma família do que disse Antonieta: “Não têm pão?
Que comam brioches!”. Quem dera que a cabeça do elitista daqui tivesse o mesmo
destino da cabeça preconceituosa da monarquista francesa... Diante dessas
afirmações absurdas, a mídia comercial e vendida tenta minorar o caso,
afirmando ser um “problema de comunicação” do ministro. E que ele deveria falar
menos, pois falando o que fala “atrapalha a economia”, disseram hoje os jornais
golpistas. Ou seja, os jornais parecem aconselhar que o ministro use a mesma
estratégia que os sofistas recomendavam aos “dissimulados predadores da coisa
pública” : usar as palavras para melhor esconder o que se pensa e se faz. A
verdade é que essas falas que saem da boca dos membros desse governo não são
apenas um problema de comunicação, elas são testemunhos do que vai na mente
deles: seu ódio ao pobre. Como disse um elitista capitalista estadunidense, a
luta de classes é de fato o motor da história, reconheceu ele dando razão a
Marx. Porém, disse ele, quem fomenta hoje a luta e ataca sem dó, perdão ou
humanidade não são os pobres, hoje são os ricos que atacam numa guerra sem
quartel, uma guerra suja. E os ricos riem daqueles que ainda pensam em foice e
martelo como arma, pois a arma dos ricos gananciosos e cínicos é o dinheiro, o
exército, a polícia, a mídia comercial , certas igrejas... e a mais importante
das armas na dominação deles sobre os pobres: as leis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário