Os piores inimigos da democracia,
segundo os gregos, não eram os Persas ( a antiga Pérsia ficava onde hoje está o Irã). Os piores inimigos da
democracia estavam na própria Grécia. O
pilar da democracia era a seguinte ideia: o homem é um “animal político”, um
“ser da pólis”. A palavra “pólis” é mais do que a mera cidade enquanto espaço
físico. A pólis é a comunidade humana na qual quem é comandado também comanda,
diretamente ou por intermédio de um representante seu, que pode ser destituído
caso não respeite as regras estabelecidas em comum. Mas os inimigos da
democracia não aceitavam tal “igualdade natural” entre os homens. Para esses
inimigos, o homem não seria um ser capaz
de autogovernar-se ; o homem seria, segundo eles, um “animal de rebanho”. Como todo animal de
rebanho, o homem precisaria de um “pastor” ( na Grécia, a ideia de pastor
simbolizava uma forma de poder político não democrático que almeja submeter a
praça pública ao templo). É o pastor quem ordenaria o que o homem deveria fazer, pensar, dizer,
enfim, ser. Sem o pastor, o homem se perderia: precisaria estar então nas mãos
de um pastor o comando da política. Ao
ouvir certa vez um crítico da democracia defendendo que o melhor governante não
é a Constituição mas um pastor, um
filósofo que apreciava mais as praças e
ruas do que a teórica academia , assim indagou:
“na democracia, podemos destituir um mau governante, mas o rebanho não pode
destituir um mau pastor. Na democracia, é a defesa da liberdade e da justiça o
que une os homens livres; já o pastor mantém
o rebanho unido fomentando o medo e o ódio aos lobos.
Mas o pastor cuida do rebanho porque tem um interesse que escamoteia : ele
quer tosquiar o rebanho e depois vender sua carne no mercado. Quem é o pior predador: o que preda apenas o
corpo , como o lobo, ou o que preda o corpo e a alma?” . Ameaçando, o
antidemocrata perguntou: “qual teu nome!?”
O filósofo respondeu: “Sou Diógenes, a quem chamam ‘Cão’, pois farejo
toda espécie de lobo, mas minha especialidade é achar os lobos dissimulados que
se vestem de pastor para enganar e explorar o povo.”
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
a terceira margem do rio
As duas margens do rio prendem e
limitam o fluxo das águas. Mas o rio possui ainda uma terceira margem . Essa
terceira margem ora é nascente , “minadouro”, do qual o rio nasce, ora é o
oceano no qual o rio se torna. A terceira margem nos mostra que rio, oceano,
chuva, suor e lágrima...tudo é metamorfose diferente de uma mesma água fontana.
A gramática é as duas margens que contêm a palavra. Porém a poesia é nascente da qual o sentido jorra, fluindo até o aberto onde se horizonta.
A
cisterna contém,
a
fonte transborda.
W. Blake
Poeta
é quem possui visão fontana.
Manoel
de Barros
O tempo e a eternidade são
radicalmente diferentes, porém não estão separados. O tempo é um rio que corre
entre duas margens: o futuro e o passado . O presente que passa liga as duas
margens, ao mesmo tempo que as separa. A eternidade é a terceira margem do rio:
quem vai daqui para lá a atravessa , mas quem está lá já não pode para cá
atravessar. O outro lado da terceira margem parece às vezes o passado, como um retrato que não recebe mais retoque ou novo traço. O outro lado da terceira margem às vezes parece o
futuro , como a terra nova com a qual sonham utópicos tratados. Mas ninguém sabe o que está do outro lado da terceira margem, tampouco sabe o barco que , imóvel, atravessa para o outro lado. Quando
se é criança, a terceira margem parece estar lá no horizonte muito distante.
Quando vêm os cabelos brancos, porém, vemos
a terceira margem cada vez mais próxima: e do barco que um dia também será nosso, de lá nos acenam os que nos geraram.
domingo, 12 de janeiro de 2020
linha de fuga
Virou um lugar comum falar em “amores líquidos”, “amizades líquidas” e até
mesmo em “ensino líquido”... Não são poucos os que, nostálgicos de valores
sólidos, maldizem a "fluidez" desses nossos dias.Porém, esse
“líquido” carente de consistência nada
tem a ver com a água manoelina que vence os obstáculos: talvez essa "água
que corre entre pedras" tenha a mesma fonte que o fluxo
poético que Heráclito chamou de eterno rio - sem começo ou fim, apenas
meio. O fluxo poético, como "liberdade caçando jeito" (para inventar
seu estilo e afirmar sua diferença), é fluido, mas não é sem força ou volúvel; ele
é firme, possui consistência, porém não é rígido; ele é nômade, andarilho, mas
sabe aonde ir. O modelo do atual
“volúvel mundo líquido” , ao contrário, é a liquidez volátil do Capital
colonizando os espaços subjetivos.
Ser líquido não é ser fluxo: líquido
é um estado contrário ao sólido, que nega o sólido;assim como o sólido,
enquanto estado, também é uma negação do líquido. Apesar de opostos, sólido e
líquido são estados, isto é , enfraquecimento ou despotencialização do fluxo:
por enrijecimento de uma identidade , no caso do sólido; por tornar a diferença
um clichê , no caso do líquido.
Quando a água se torna líquida, ela
não é menos um estado do que quando se torna sólida ( ao virar gelo). O fluxo é
mais do que o líquido: ele é o ser mesmo do que nunca é um estado ou um
"acostumado" , diria Manoel de Barros.
Enfim, os líquidos às vezes se
amoldam à forma de seus recipientes, e assim são “capturados”( mesmo a tela do
computador pode se tornar uma fôrma ou
molde);os fluxos , ao contrário, ou inventam seus caminhos ou secam e
morrem.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
lua cheia arta
Segundo Heidegger, o mundo atual confunde o “diminuir a distância” com o “criar proximidade”. A técnica diminui as distâncias, sem dúvida. Contudo, uma coisa é diminuir as distâncias entre seres no espaço, outra bem diferente é criar proximidade com o sentido. O telescópio diminuiu a distância entre a lua e meus olhos, isso é certo. Mas quando leio um poema sobre a lua, de que lua se trata? O poema não põe a lua mais perto espacialmente de mim, porém ele pode pô-la a tal ponto próxima que a descubro dentro de mim, como o devir-lunar que me torno.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2020
9/1: centenário do poeta João Cabral de Melo Neto
O cacto é a planta que possui a maior
raiz. A extensão de sua raiz chega a
nove ou dez vezes o tamanho do corpo do cacto que vemos à superfície do chão.
Quem mede o cacto apenas pela sua
parte visível, e pensa que a parte que vê é todo o ser do cacto, por certo ignora o que o cacto é capaz de fazer. O cacto cria imensas raízes para sondar o subsolo ,
não se deixando vencer pela aridez
que o cerca. As raízes do cacto tateiam procurando
veios d’água metros abaixo da paisagem
seca. Ele persevera procurando no coração da Mãe Terra a água que o Céu lhe nega. Quando encontra a
água, o cacto anuncia sua descoberta
brotando flores: em pleno árido , ele
inaugura uma primavera. Então, ele sorve o líquido e se intumesce , de água
fresca ficando grávido. Basta um pequeno furo para a água jorrar matando a sede dos necessitados. Foram os cactos do sertão nordestino que, no
passado, não deixaram morrer de sede a
rebeldia de Lampião e seu cangaço ; e a flor
que Maria Bonita punha no
cabelo também floresceu do cacto. No Nordeste , o cacto é o mais
forte símbolo de resistência da vida . E ainda matou a sede de Lampião e
deixou a Maria ainda mais Bonita.
“Quando não pode ser cristal, a poesia vale pelo que tem de
cacto”(João Cabral de Melo Neto)
( enfeitando a capa do livro de João
, cactos do Nordeste)
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
a "clínica"
Certa vez, quando eu passava por um
momento muito difícil , sonhei que seria operado do coração. Eu estava
angustiado, pensava que não sobreviveria à operação. Não sei como fui parar
ali, por quais caminhos andei ou fui levado. Sabia apenas que haveria uma
operação e eu era o paciente a ser operado. De repente, adentra a sala de
cirurgia o cirurgião. Ao vê-lo, meu medo desaparece, pois o médico que me
operaria era nada mais nada menos do que o poeta Fernando Pessoa! No princípio, achei estranho . Mas depois percebi que fazia sentido ser um poeta o cirurgião de um coração angustiado. Sem
demora, o cirurgião-poeta abriu meu peito, mas não com bisturi : não sangrou ,
nem houve dor. Ele enfiou uma das mãos, porém não foi suficiente. Somente as
duas mãos do poeta conseguiram tirar meu coração do peito : "Ele está
pesado como um paralelepípedo! Preciso extrair o que lhe pesa”, diagnosticou o
cirurgião-poeta. “O que lhe pesa não é coisa física, o que lhe pesa é a mágoa
com o passado, a decepção com o presente , o medo do futuro e a descrença nos
homens”, disse-me ele enquanto extraía tudo isso. Quando olhei para a mão do
poeta , meu coração estava minúsculo,
parecendo a semente sem a casca do fruto. Protestei: “poeta, com esse coração
pequenino não vou sobreviver!” O cirurgião-poeta então respondeu, terminando
sua arte, sua “clínica”: “Ele está assim pequeno porque deixei apenas o coração
da criança.” Após ouvir isso acordei, e não apenas daquele sonho, já amanhecia . Queria registrar o sonho e me virei para pegar caneta e papel. Então,
algo que estava sobre meu peito caiu ao meu lado na cama, era um livro que
adormeci lendo: “O Eu Profundo e os outros Eus”, de Fernando Pessoa.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2020
terrorismos de Estado
Conforme argumenta Espinosa em seus
livros sobre política, um dos maiores inimigos da democracia é o poder
teológico-político. O que caracteriza o teológico é que ele se apoia em um
livro que considera sagrado: o Alcorão, para os muçulmanos; o Talmud, para os
judeus; a Bíblia, para os cristãos. O que fundamenta um Estado livre, ao
contrário, é que seu poder emana de uma Constituição laica livremente
instituída , podendo ser emendada ou substituída por outra mediante uma
assembleia constituinte, obra humana, fato este que não pode acontecer com o
Texto que fundamenta a teologia. O poder democrático nunca é teológico, porém o
poder teológico, saindo de sua esfera própria, pode ambicionar ser político,
mas nunca será democrático. Ao contrário, o poder teológico-político verá na
democracia um inimigo a ser destruído em nome de Deus. Mas qual Deus? De qual
religião? E aqui está o que revela a impossibilidade de um poder
teológico-político se manter a não ser com a força ( não a de Deus, mas a das
armas bem humanas, demasiado humanas...). Na democracia, a Constituição é um
texto que todos seguem , mesmo os que pensam diferente, como liberais e
socialistas. Mas judeus, cristãos e muçulmanos seguem livros sagrados
diferentes que lhes conferem uma identidade religiosa incomunicável com a
religião diferente da sua . Então, quando um poder teológico quer se tornar
também poder teológico-político, ele quer na verdade não apenas desfazer a
essência da política, que é pautar-se em uma Constituição livremente instituída
que preserva a diversidade, como também afirmar-se como religião única. Assim, quando o poder
teológico, saindo da esfera que lhe é própria ( a esfera subjetiva-privada) , quer se tornar também poder político , correm
risco não apenas a democracia e os partidos, como também as outras religiões
que, mais cedo ou mais tarde, também serão perseguidas . O poder
teológico-político , quando alcança o poder, traz para este certos dogmas
inspirados em “gurus” ou “iluminados” que se creem governados diretamente por
algum Deus abstrato, vingador, um Deus cheio de ódio, nunca o Deus do amor (
como aquele que São Francisco dançou...). Além disso, tal poder exigirá a força
bélica de polícias e exércitos a serviço de seu delírio, pois um dos traços do
poder teológico-político é a paranoia: eles se acham “eleitos” e, ao mesmo tempo,
perseguidos. São ideias delirantes e paranoicas assim que movem o governo
Bolsonaro e sua “política externa” de alinhamento automático com o terrorismo
de Estado de Trump.
sábado, 4 de janeiro de 2020
- sherazade...
Havia uma aldeia onde um Sultão resolveu vingar-se das mulheres. Seu
ressentimento era devido ao fato de que nenhuma mulher o amava espontaneamente,
apenas à força. Rico e poderoso , ele conseguia ter tudo, menos amor. Valendo-se de seu poder, e querendo se
vingar, ele resolveu obrigar todas as
mulheres solteiras da aldeia a se casarem com ele , uma a uma. Seu plano era,
após a lua de mel, tirar a vida de cada
uma. Ele juntou as mulheres em uma ampla
sala . E antes que ele escolhesse uma para ser sua primeira vítima , tomou a
frente de todas e ofereceu-se uma jovem
chamada Sherazade. Quando o Sultão a
levou para o quarto e ordenou que ela
fosse para a cama, Sherazade pediu: “Posso lhe contar uma história?”. E ouviu
como resposta: “uma história a uma hora dessas!? Conte, mas seja rápida: a
morte te espera...”. Mas quando Sherazade começou a narrar a história, o Sultão
ficou tão absorvido que não reparou o passar do tempo. Quando já estava
amanhecendo, Sherazade disse: “não consegui terminar a narrativa, posso
recomeçar amanhã?”. “Sim, mas de amanhã
você não passa!” , ameaçou o Sultão . No
dia seguinte, Sherazade prosseguia com a
história e logo a emendava com outra. O Sultão não conseguia ficar imune a esse
poder que ele desconhecia: o poder da
palavra que cria mundos (o Sultão
imaginava, ao contrário, que poderosa é a palavra que ameaça de morte) . Naqueles momentos ao menos , o Sultão
curava-se de si próprio, desabrindo
nele um outro . Quando o dia amanhecia e
Sherazade precisava interromper a narrativa, o Sultão agora lamentava e até pedia:"Não vá se atrasar amanhã!". Como Ariadne , Sherazade
tecia suas histórias mais do que com palavras: ela as tecia com o fio da
vida, e a este estendia como linha de
fuga . A narrativa durou uma, duas, dez, cem... mil e uma noites: “inventar
aumenta o mundo”, já dizia o poeta Manoel de Barros. Sherazade simboliza a vida que se
expressa múltipla nas escolas,
museus, teatros, cinemas e livros,
apesar dos Sultões de hoje que ameaçam calá-la: “poesia é afloramento de falas” (Manoel de
Barros).
(imagem: “Sherazade”, obra-instalação
de Sami Hilal . Os livros se agenciam em
um mesmo fluxo, como um rio
inaprisionável :"Sou água que corre entre pedras, liberdade caça jeito”,
Manoel de Barros)
quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
livro sobre manoel de barros : poesia pode ser que seja fazer outro mundo
(trecho da Apresentação do livro)
O livro está organizado em duas partes complementares: a primeira nos faz conhecer um Manoel Pensador, enquanto que a segunda parte reúne artigos diferentes entre si, cuja unidade está na riqueza com a qual a obra do poeta dialoga com as mais diferentes artes. Dito bem simples, as duas partes falam da ideia e da imagem, do pensamento e do corpo. Ao modo de Espinosa, podemos ainda acrescentar: o que em Manoel nos faz pensar é o mesmo que nos faz sentir, visto de uma perspectiva diferente; e o que nele nos faz sentir é o mesmo que nos faz pensar, visto de uma perspectiva diferente. É a junção dessas duas perspectivas que faz de Manoel um pop’filósofo.
A Primeira Parte busca no poeta o conceito ainda em rascunho, não mentado, nascido da artesania de Manoel: Uma sabedoria que não vem em tomos. Abrindo essa Primeira Parte se encontra o artigo de Samarone Marinho, O cotidiano primordial de Manoel de Barros. Samarone nos mostra, entre outras coisas, que a poética de Manoel se apoia em uma matéria: o cotidiano. Não o cotidiano da vida acostumada, “mesmal”. O cotidiano do poeta é um espaço de transfiguração e transvisão, no qual se descobre o valor do inútil e das desimportâncias. É nesse lugar, que também é um lugar de linguagem, que o poeta celebra as grandezas do ínfimo. O pensar do poeta não começa no Céu ou nas Abstrações, ele começa no cotidiano. E quem faz do pensar o seu cotidiano nunca mais pensa acostumado.
No artigo seguinte, Geopoética de Manoel de Barros, em dois movimentos e um adagietto , o filósofo Paulo Oneto descobre que o chão de Manoel não é o da pedra nua e fria, mas o da terra úmida, íntima do fluxo das águas, águas estas que animam o chão do pantanal, fazendo-o território liso afim aos nômades, como Espinosa , Deleuze, Nietzsche e , antes de tudo, ao próprio Paulo, que musica esse heterogêneo fluxo, essa heterogênese. Tal geografia dos fluxos constitui uma música dos elementos que o poeta reúne, sem totalizá-los ou sistematizá-los. Por isso, a imagem escolhida pelo autor: os movimentos ou andamentos musicais agenciados ao poeta-andaleço. Música naturante, barroca, barriana.
No terceiro artigo, Manoel de Barros e a Desfilosofia, rascunho uma desfilosofia inspirada na poética de Manoel. A desfilosofia não é uma filosofia poética, tampouco uma poesia filosófica. A desfilosofia é filosofia, porém aberta à sua origem não conceitual, origem essa somente alcançável pela conexão com o prefixo “des”, aqui funcionando como um “agenciador conceitual” extraído da Oficina do poeta.
Fechando a Primeira Parte, no artigo De Viena ao Pantanal – o (in)expresso do pensamento no sentido do poético , o filósofo Antônio Jardim nos apresenta uma rica aproximação entre o filósofo Wittgenstein , um dos mais importantes pensadores da linguagem, e o nosso poeta. No diálogo do filósofo com o poeta, cerzido por Jardim,o tema não poderia ser outro: o que é o sentido?
A Segunda Parte reúne artigos cujo fio condutor é um afloramento de falas que a poética de Manoel suscita e provoca. São ensaios, didáticas da invenção manoelinas, formas em rascunho de ideias, perceptos e sensações, nascidos do agenciamento da poética de Manoel com áreas diversas, unidas ao poeta pelo olhar singular de cada autor.
Para não estragar a surpresa que tais ensaios/didáticas envolvem, deixaremos ao leitor a descoberta a ser feita no encontro com as despalavras da professora e pesquisadora Ieda Tucherman (Devires e revires e de corpos e palavras ou do supremo valor da inutilidade), da bailarina Mariana Hilgert (Ensaio poético-imagético ou um porta-retrato ), do poeta e filósofo Mário Bruno (Passarinhos de uma demolição) e do cineasta Gabraz Sanna (Pequena abertura para o deserto ).
Como Conclusão do livro, o pesquisador Luiz Henrique Barbosa apresenta um muito oportuno estudo cujo título nos lembra a singularidade incomparável do poeta: O não lugar ocupado pela poesia de Manoel de Barros na literatura brasileira.
sumário do livro : manoel de barros - a poética do deslimite
Inventar aumenta o mundo.
Manoel de Barros
O pensar não é do Ocidente ( Razão) e nem do Oriente (Mística).
Avicenna
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS , 5
INTRODUÇÃO , 7
- PRIMEIRA PARTE: A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA DO DESLIMITE , 18
1. A Expulsão do Poeta da República da Razão: o problema da Mimese , 18
A quem deve pertencer a coroa do reino da linguagem? / A Sensação não cabe em
uma forma / A linguagem como espelho do Real / O problema da Diferença / A
razão como cocheiro / Arte egípcia X arte grega
2- Estética da Forma e Estética do Deslimite, 38
Experiência e Experimentação / Espírito Clássico e Espírito Romântico /
Geofilosofia / Caos-Germe: a luta contra os clichês / “Inventar aumenta o
mundo”
- SEGUNDA PARTE : UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO , 60
1- “Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada” , 60
O imperceptível / Um sujeito larvar / Espaços lisos / Rebeldias
2- Ninguém pode “passar régua” nos Territórios Existenciais , 66
Da subjetividade / Da necessidade de aprender a desaprender/ Uma fonte que se
alimenta de escuros
TERCEIRA PARTE: O DESLIMITE DA NATUREZA , 72
1- Desformar a natureza , 72
O instinto lingüístico / O deslimite / Ordinário, extraordinário
2- Ignorãças , 80
Individuação e poesia / “Nadifúndios”/ A arte de ser com as coisas/ Devir,
Repetição e Diferença / A arte de ser Outro / Inventar comportamento
3-Olhos de descobrir , 101
Transver o mundo / Devir-Criança / O que pode um corpo?
QUARTA PARTE : O DESLIMITE DA PALAVRA , 111
1-Da Pragmática , 111
A Língua / Representação e expressão / A quarta dimensão da linguagem: o sentido
2- O agramatical , 120
Um devir-outro da língua / Empoemar as palavras / O delírio é uma sensatez
3- O reino da despalavra , 127
O afeto / Desarrumar a cartilha, errar a língua
CONCLUSÃO: O VOO INTERROMPIDO POR UM PONTO , 134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS , 144
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