sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

os inimigos da democracia...


Os piores inimigos da democracia, segundo os gregos, não eram os Persas ( a antiga Pérsia ficava  onde hoje está o Irã). Os piores inimigos da democracia estavam na própria Grécia.  O pilar da democracia era a seguinte ideia: o homem é um “animal político”, um “ser da pólis”. A palavra “pólis” é mais do que a mera cidade enquanto espaço físico.  A pólis é a  comunidade humana  na qual quem é comandado também comanda, diretamente ou por intermédio de um representante seu, que pode ser destituído caso não respeite as regras estabelecidas em comum. Mas os inimigos da democracia não aceitavam tal “igualdade natural” entre os homens. Para esses inimigos, o homem não seria um ser  capaz de autogovernar-se ; o homem seria, segundo eles,  um “animal de rebanho”. Como todo animal de rebanho, o homem precisaria de um “pastor” ( na Grécia, a ideia de pastor simbolizava uma forma de poder político não democrático que almeja  submeter a praça pública ao templo). É o pastor quem ordenaria  o que o homem deveria fazer, pensar, dizer, enfim, ser. Sem o pastor, o homem se perderia: precisaria estar então nas mãos de um pastor o comando da política.  Ao ouvir certa vez um crítico da democracia defendendo que o melhor governante não é a Constituição mas um  pastor, um filósofo que  apreciava mais as praças e ruas do que a teórica academia ,  assim indagou: “na democracia, podemos destituir um mau governante, mas o rebanho não pode destituir um mau pastor. Na democracia, é a defesa da liberdade e da justiça o que une os homens livres; já o pastor mantém  o rebanho  unido  fomentando o medo e o ódio aos lobos. Mas  o pastor cuida do rebanho  porque tem um interesse que escamoteia : ele quer   tosquiar o rebanho  e depois vender sua carne no mercado.  Quem é o pior predador: o que preda apenas o corpo , como o lobo, ou o que preda o corpo e a alma?” . Ameaçando, o antidemocrata perguntou: “qual teu nome!?”  O filósofo respondeu: “Sou Diógenes, a quem chamam ‘Cão’, pois farejo toda espécie de lobo, mas minha especialidade é achar os lobos dissimulados que se vestem de pastor para enganar e explorar o povo.”



- propostas nazistas para a cultura : ontem e hoje...





quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

a terceira margem do rio


As duas margens do rio prendem e limitam o fluxo das águas.  Mas o rio possui ainda uma terceira margem . Essa terceira margem ora é nascente , “minadouro”, do qual o rio nasce, ora é o oceano no qual o rio se torna. A terceira margem nos mostra que rio, oceano, chuva, suor e lágrima...tudo é metamorfose diferente de uma mesma  água fontana. 
A gramática é  as duas margens que contêm a palavra. Porém  a poesia é nascente da qual o sentido jorra, fluindo até o aberto onde se horizonta.

A cisterna contém,

a fonte transborda.

W. Blake


Poeta é quem possui visão fontana.
Manoel de Barros









O tempo e a eternidade são radicalmente diferentes, porém não estão separados. O tempo é um rio que corre entre duas margens: o futuro e o passado . O presente que passa liga as duas margens, ao mesmo tempo que as separa. A eternidade é a terceira margem do rio: quem vai daqui para lá a atravessa , mas quem está lá já não pode para cá atravessar. O outro lado da terceira margem parece às vezes o passado, como  um retrato que não recebe mais retoque ou novo traço. O outro lado da terceira margem às vezes parece o futuro , como a terra nova com a qual sonham utópicos tratados. Mas ninguém sabe o que está do outro lado da terceira margem, tampouco sabe o barco que , imóvel,  atravessa para o outro lado. Quando se é criança, a terceira margem parece estar lá no horizonte muito distante. Quando  vêm os cabelos brancos, porém, vemos a terceira margem  cada vez mais próxima:  e do barco que um dia  também será nosso, de lá nos acenam os que nos geraram.





domingo, 12 de janeiro de 2020

linha de fuga

Virou um lugar comum falar em  “amores líquidos”, “amizades líquidas” e até mesmo em “ensino líquido”... Não são poucos os que, nostálgicos de valores sólidos, maldizem a "fluidez" desses nossos dias.Porém, esse “líquido” carente de consistência  nada tem a ver com a água manoelina que vence os obstáculos: talvez essa "água que corre entre pedras" tenha a mesma fonte que o  fluxo  poético que Heráclito chamou de eterno rio - sem começo ou fim, apenas meio. O fluxo poético, como "liberdade caçando jeito" (para inventar seu estilo e afirmar sua diferença), é fluido, mas não é sem força ou volúvel; ele é firme, possui consistência, porém não é rígido; ele é nômade, andarilho, mas sabe aonde ir. O modelo do atual  “volúvel mundo líquido” , ao contrário, é a liquidez volátil do Capital colonizando os espaços subjetivos.
Ser líquido não é ser fluxo: líquido é um estado contrário ao sólido, que nega o sólido;assim como o sólido, enquanto estado, também é uma negação do líquido. Apesar de opostos, sólido e líquido são estados, isto é , enfraquecimento ou despotencialização do fluxo: por enrijecimento de uma identidade , no caso do sólido; por tornar a diferença um clichê , no caso do líquido.
Quando a água se torna líquida, ela não é menos um estado do que quando se torna sólida ( ao virar gelo). O fluxo é mais do que o líquido: ele é o ser mesmo do que nunca é um estado ou um "acostumado" , diria Manoel de Barros.
Enfim, os líquidos às vezes se amoldam à forma de seus recipientes, e assim são “capturados”( mesmo a tela do computador pode se tornar uma fôrma ou  molde);os fluxos , ao contrário, ou inventam seus caminhos ou secam e morrem.        


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

lua cheia arta

Segundo Heidegger, o mundo atual confunde o “diminuir a distância” com o “criar proximidade”. A técnica diminui as distâncias, sem dúvida. Contudo,  uma coisa é diminuir as distâncias entre seres no espaço, outra bem diferente é criar proximidade com o sentido. O telescópio diminuiu a distância entre a lua e meus olhos, isso é certo. Mas quando leio um poema sobre a lua, de que lua se trata? O poema não põe a lua mais perto espacialmente  de mim, porém  ele pode pô-la a tal ponto próxima  que a descubro dentro de mim, como o devir-lunar que me torno.












quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

9/1: centenário do poeta João Cabral de Melo Neto


O cacto é a planta que possui a maior raiz. A extensão  de sua raiz chega a nove ou dez vezes o tamanho do corpo do cacto que vemos à superfície do chão. Quem mede o cacto  apenas pela sua parte  visível, e pensa que a parte  que vê é todo o ser do cacto, por certo  ignora o que o cacto é capaz de fazer.  O cacto cria imensas raízes para sondar  o subsolo ,   não se deixando  vencer pela  aridez   que o cerca. As  raízes  do cacto tateiam  procurando  veios d’água  metros abaixo da paisagem seca. Ele persevera procurando no coração da Mãe Terra a água  que o Céu lhe nega. Quando encontra a água,   o cacto anuncia sua descoberta brotando  flores: em pleno árido , ele inaugura uma primavera. Então, ele sorve o líquido e se intumesce , de água fresca ficando  grávido.  Basta um pequeno furo para a água  jorrar matando a sede dos necessitados.  Foram os cactos do sertão nordestino que, no passado,  não deixaram morrer de sede a rebeldia de Lampião e seu cangaço ; e a flor    que Maria Bonita  punha no cabelo  também floresceu do  cacto. No Nordeste , o cacto é o mais forte  símbolo de resistência  da vida . E ainda matou a sede de Lampião e deixou a Maria ainda mais Bonita.

“Quando não pode ser  cristal, a poesia vale pelo que tem de cacto”(João Cabral de Melo Neto)
                                                                                                                                             

( enfeitando a capa do livro de João , cactos do Nordeste)





quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

a "clínica"


Certa vez, quando eu passava por um momento muito difícil , sonhei que seria operado do coração. Eu estava angustiado, pensava que não sobreviveria à operação. Não sei como fui parar ali, por quais caminhos andei ou fui levado. Sabia apenas que haveria uma operação e eu era o paciente a ser operado. De repente, adentra a sala de cirurgia o cirurgião. Ao vê-lo, meu medo desaparece, pois o médico que me operaria era nada mais nada menos do que o poeta Fernando Pessoa! No  princípio, achei estranho . Mas  depois percebi que fazia sentido ser um  poeta o cirurgião de um coração angustiado. Sem demora, o cirurgião-poeta abriu meu peito, mas não com bisturi : não sangrou , nem houve dor. Ele enfiou uma das mãos, porém não foi suficiente. Somente as duas mãos do poeta conseguiram tirar meu coração do peito : "Ele está pesado como um paralelepípedo! Preciso extrair o que lhe pesa”, diagnosticou o cirurgião-poeta. “O que lhe pesa não é coisa física, o que lhe pesa é a mágoa com o passado, a decepção com o presente , o medo do futuro e a descrença nos homens”, disse-me ele enquanto extraía tudo isso. Quando olhei para a mão do poeta ,  meu coração estava minúsculo, parecendo a semente sem a casca do fruto. Protestei: “poeta, com esse coração pequenino não vou sobreviver!” O cirurgião-poeta então respondeu, terminando sua arte, sua “clínica”: “Ele está assim pequeno porque deixei apenas o coração da criança.” Após ouvir isso acordei, e não apenas daquele sonho,  já amanhecia . Queria registrar  o sonho e me virei para pegar caneta e papel. Então, algo que estava sobre meu peito caiu ao meu lado na cama, era um livro que adormeci lendo: “O Eu Profundo e os outros Eus”, de Fernando Pessoa.







segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

terrorismos de Estado


Conforme argumenta Espinosa em seus livros sobre política, um dos maiores inimigos da democracia é o poder teológico-político. O que caracteriza o teológico é que ele se apoia em um livro que considera sagrado: o Alcorão, para os muçulmanos; o Talmud, para os judeus; a Bíblia, para os cristãos. O que fundamenta um Estado livre, ao contrário,  é que seu poder emana  de uma Constituição laica livremente instituída , podendo ser emendada ou substituída por outra mediante uma assembleia constituinte, obra humana, fato este que não pode acontecer com o Texto que fundamenta a teologia. O poder democrático nunca é teológico, porém o poder teológico, saindo de sua esfera própria, pode ambicionar ser político, mas nunca será democrático. Ao contrário, o poder teológico-político verá na democracia um inimigo a ser destruído em nome de Deus. Mas qual Deus? De qual religião? E aqui está o que revela a impossibilidade de um poder teológico-político se manter a não ser com a força ( não a de Deus, mas a das armas bem humanas, demasiado humanas...). Na democracia, a Constituição é um texto que todos seguem , mesmo os que pensam diferente, como liberais e socialistas. Mas judeus, cristãos e muçulmanos seguem livros sagrados diferentes que lhes conferem uma identidade religiosa incomunicável com a religião diferente da sua . Então, quando um poder teológico quer se tornar também poder teológico-político, ele quer na verdade não apenas desfazer a essência da política, que é pautar-se em uma Constituição livremente instituída que preserva a diversidade, como também afirmar-se como  religião única. Assim, quando o poder teológico, saindo da esfera que lhe é própria ( a esfera subjetiva-privada) ,  quer se tornar também poder político , correm risco não apenas a democracia e os partidos, como também as outras religiões que, mais cedo ou mais tarde, também serão perseguidas . O poder teológico-político , quando alcança o poder, traz para este certos dogmas inspirados em “gurus” ou “iluminados” que se creem governados diretamente por algum Deus abstrato, vingador, um Deus cheio de ódio, nunca o Deus do amor ( como aquele que São Francisco dançou...). Além disso, tal poder exigirá a força bélica de polícias e exércitos a serviço de seu delírio, pois um dos traços do poder teológico-político é a paranoia: eles se acham “eleitos” e, ao mesmo tempo, perseguidos. São ideias delirantes e paranoicas assim que movem o governo Bolsonaro e sua “política externa” de alinhamento automático com o terrorismo de Estado de Trump.










sábado, 4 de janeiro de 2020

- sherazade...


Havia uma aldeia onde um Sultão  resolveu vingar-se das mulheres. Seu ressentimento era devido ao fato de que nenhuma mulher o amava espontaneamente, apenas à força. Rico e poderoso , ele conseguia ter tudo, menos amor.  Valendo-se de seu poder, e querendo se vingar, ele resolveu obrigar  todas as mulheres solteiras da aldeia a se casarem com ele , uma a uma. Seu plano era, após a  lua de mel, tirar a vida de cada uma.  Ele juntou as mulheres em uma ampla sala . E antes que ele escolhesse uma para ser sua primeira vítima , tomou a frente de todas e ofereceu-se  uma jovem chamada  Sherazade. Quando o Sultão a levou para o quarto  e ordenou que ela fosse para a cama, Sherazade pediu: “Posso lhe contar uma história?”. E ouviu como resposta: “uma história a uma hora dessas!? Conte, mas seja rápida: a morte te espera...”. Mas quando Sherazade começou a narrar a história, o Sultão ficou tão absorvido que não reparou o passar do tempo. Quando já estava amanhecendo, Sherazade disse: “não consegui terminar a narrativa, posso recomeçar amanhã?”.  “Sim, mas de amanhã você não passa!” , ameaçou  o Sultão . No dia seguinte, Sherazade  prosseguia com a história e logo a emendava com outra. O Sultão não conseguia ficar imune a esse poder que ele desconhecia: o poder da  palavra  que cria mundos (o Sultão imaginava, ao contrário, que poderosa é a palavra que ameaça de morte) .  Naqueles momentos ao menos , o Sultão curava-se de si próprio,  desabrindo nele  um outro . Quando o dia amanhecia e Sherazade precisava interromper a narrativa, o Sultão agora lamentava  e até pedia:"Não vá se atrasar amanhã!".  Como Ariadne ,   Sherazade  tecia suas histórias mais do que com palavras: ela as tecia com o fio da vida, e a este estendia  como linha de fuga . A narrativa durou uma, duas, dez, cem... mil e uma noites: “inventar aumenta o mundo”, já dizia o poeta Manoel de Barros.  Sherazade simboliza a vida que se expressa    múltipla  nas escolas, museus, teatros, cinemas e livros,  apesar dos Sultões de hoje que ameaçam calá-la:   “poesia é afloramento de falas” (Manoel de Barros).

(imagem: “Sherazade”, obra-instalação de Sami Hilal  . Os livros se agenciam em um mesmo fluxo, como um  rio inaprisionável :"Sou água que corre entre pedras, liberdade caça jeito”, Manoel de Barros)







quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

livro sobre manoel de barros : poesia pode ser que seja fazer outro mundo



(trecho da Apresentação do livro)
O livro está organizado em duas partes complementares: a primeira nos faz conhecer um Manoel Pensador, enquanto que a segunda parte reúne artigos diferentes entre si, cuja unidade está na riqueza com a qual a obra do poeta dialoga com as mais diferentes artes. Dito bem simples, as duas partes falam da ideia e da imagem, do pensamento e do corpo. Ao modo de Espinosa, podemos ainda acrescentar: o que em Manoel nos faz pensar é o mesmo que nos faz sentir, visto de uma perspectiva diferente; e o   que nele nos faz sentir é o mesmo que nos faz pensar, visto de uma perspectiva diferente. É a junção dessas duas perspectivas que faz de Manoel um pop’filósofo.
A Primeira Parte busca no poeta o conceito ainda em rascunho, não mentado, nascido da artesania de Manoel: Uma sabedoria que não vem em tomos. Abrindo essa Primeira Parte se encontra o artigo de Samarone Marinho, O cotidiano primordial de Manoel de Barros. Samarone nos mostra, entre outras coisas, que a poética de Manoel se apoia em uma matéria: o cotidiano. Não o cotidiano da vida acostumada, “mesmal”. O cotidiano do poeta é um espaço de transfiguração e transvisão, no qual se descobre o valor do inútil e das desimportâncias. É nesse lugar, que também é um lugar de linguagem, que o poeta celebra as grandezas do ínfimo. O pensar do poeta não começa no Céu ou nas Abstrações, ele começa no cotidiano. E quem faz do pensar o seu cotidiano nunca mais pensa acostumado.
  No artigo seguinte, Geopoética de Manoel de Barros, em dois movimentos e um adagietto , o filósofo Paulo Oneto descobre que o chão de Manoel não é o da pedra nua e fria, mas o da terra úmida, íntima do fluxo das águas, águas estas que animam o chão do pantanal, fazendo-o território liso afim aos nômades, como Espinosa , Deleuze, Nietzsche e , antes de tudo, ao próprio Paulo, que musica esse heterogêneo fluxo, essa heterogênese. Tal geografia dos fluxos constitui uma música dos elementos que o poeta reúne, sem totalizá-los ou sistematizá-los. Por isso, a imagem escolhida pelo autor: os movimentos ou andamentos musicais agenciados ao poeta-andaleço. Música naturante, barroca, barriana.
No terceiro artigo, Manoel de Barros e a Desfilosofia, rascunho uma desfilosofia inspirada na poética de Manoel. A desfilosofia não é uma filosofia poética, tampouco uma poesia filosófica. A desfilosofia é filosofia, porém aberta à sua origem não conceitual, origem essa somente alcançável pela conexão com o prefixo “des”, aqui funcionando como um “agenciador conceitual” extraído da Oficina do poeta.
Fechando a Primeira Parte, no artigo De Viena ao Pantanal – o (in)expresso do pensamento no sentido do poético , o filósofo Antônio Jardim nos apresenta uma rica aproximação entre o filósofo Wittgenstein , um dos mais importantes pensadores da linguagem, e o nosso poeta. No diálogo do filósofo com o poeta, cerzido por Jardim,o tema não poderia ser outro: o que é o sentido?
A Segunda Parte reúne artigos cujo fio condutor é um afloramento de falas que a poética de Manoel suscita e provoca. São ensaios, didáticas da invenção manoelinas, formas em rascunho de ideias, perceptos e sensações, nascidos do agenciamento da poética de Manoel com áreas diversas, unidas ao poeta pelo olhar singular de cada autor.
Para não estragar a surpresa que tais ensaios/didáticas envolvem, deixaremos ao leitor a descoberta a ser feita no encontro com as despalavras da professora e pesquisadora Ieda Tucherman (Devires e revires e de corpos e palavras ou do supremo valor da inutilidade), da bailarina Mariana Hilgert (Ensaio poético-imagético ou um porta-retrato ), do poeta e filósofo Mário Bruno (Passarinhos de uma demolição) e do cineasta Gabraz Sanna (Pequena abertura para o deserto ).
Como Conclusão do livro, o pesquisador Luiz Henrique Barbosa apresenta um muito oportuno estudo cujo título nos lembra a singularidade incomparável do poeta: O não lugar ocupado pela poesia de Manoel de Barros na literatura brasileira.







sumário do livro : manoel de barros - a poética do deslimite







Inventar aumenta o mundo.
Manoel de Barros


O pensar não é do Ocidente ( Razão) e nem do Oriente (Mística).

Avicenna


SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS 5

INTRODUÇÃO 7

- PRIMEIRA PARTE: A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA DO DESLIMITE 18

1. A Expulsão do Poeta da República da Razão: o problema da Mimese , 18             
A quem deve pertencer a coroa do reino da linguagem? A Sensação não cabe em
uma forma A linguagem como espelho do Real O problema da Diferença A
razão como cocheiro Arte egípcia X arte grega

2- Estética da Forma e Estética do Deslimite38
Experiência e Experimentação Espírito Clássico e Espírito Romântico /
Geofilosofia Caos-Germe: a luta contra os clichês “Inventar aumenta o
mundo”

- SEGUNDA PARTE : UMA DIDÁTICA DA INVENÇÃO 60

1- “Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada” , 60
O imperceptível Um sujeito larvar Espaços lisos Rebeldias

2- Ninguém pode “passar régua” nos Territórios Existenciais , 66
Da subjetividade Da necessidade de aprender a desaprenderUma fonte que se
alimenta de escuros

TERCEIRA PARTE: O DESLIMITE DA NATUREZA 72

1- Desformar a natureza , 72
O instinto lingüístico O deslimite Ordinário, extraordinário

2- Ignorãças , 80
Individuação e poesia “Nadifúndios”A arte de ser com as coisasDevir,
Repetição e Diferença A arte de ser Outro Inventar comportamento

3-Olhos de descobrir , 101
Transver o mundo Devir-Criança O que pode um corpo?

QUARTA PARTE : O DESLIMITE DA PALAVRA 111

1-Da Pragmática , 111
A Língua Representação e expressão A quarta dimensão da linguagem: o sentido

2- O agramatical , 120
Um devir-outro da língua Empoemar as palavras O delírio é uma sensatez

3- O reino da despalavra , 127
O afeto Desarrumar a cartilha, errar a língua

CONCLUSÃO: O VOO INTERROMPIDO POR UM PONTO 134


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 144