Os jornais
surgiram na Europa como espaços críticos e simbólicos da então emergente burguesia . Os jornais nasceram como voz de uma classe
contra outra classe: como voz da burguesia contra a monarquia.
Depois, com os
movimentos operários, surgiram jornais de esquerda como voz dessa nova classe nascente.
Até hoje na Europa, há jornais de esquerda que fazem contraponto aos jornais liberais
hegemônicos que , tal como no passado, ainda defendem o interesse de uma
determinada classe, ainda que tentem dissimular isso.
No Brasil nunca
houve algo semelhante: aqui, a imprensa foi criação da monarquia, quase como
uma porta-voz dela. Os primeiros jornalistas eram filhos de senhores de
engenho. Nunca tivemos, a não ser isoladamente , uma imprensa que tivesse outra
voz sem ser a voz da classe dominante. Hoje, os senhores de engenho são
outros...
Um empresário estadunidense ultradireitista , ferrenho
apoiador e financiador de Trump, recentemente
disse com cinismo: “Marx estava certo, o motor da história é a luta de classes.
Só que agora somos nós, os ricos, que
fomentamos a luta e avançamos
contra nossos inimigos: os pobres.”
Com raríssimas
exceções, a atual imprensa brasileira tornou-se um instrumento não de crítica ,
mas de ódio de classe a serviço desse tipo de mentalidade que tem por aqui suas versões. E
se um governo tem por desejo auxiliar de alguma forma os pobres, o ódio contra
ele será ainda maior...
Some-se a esse
triste quadro o fato de que boa parte da mídia que chega ao povão está nas mãos
de igrejas que têm um projeto de poder teológico-político.
Não há como mudar
esse quadro a não ser exercendo o que Umberto Eco chama de “guerrilha semiótica”
: um espaço de contrapoder que dê voz às
falas minoritárias e heterogêneas .
Pois nunca a voz
da diferença e da potência singularizante será voz dominante , ela será sempre voz
plural cuja tática deve ser a da
guerrilha semiótica cujas armas são as ideias e afetos libertários.
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