quarta-feira, 13 de junho de 2018

dos animais e dos homens


Quem vê a imensa baleia a nadar imagina que a natureza a fez para tal comportamento desde sempre.Quem vê o morcego a voar imagina que ele sempre teve asas.Porém, como começou a nadar a primeira baleia? Se o primeiro nado foi invenção, não havia um nado anterior, um “Modelo”, para imitar.Talvez esse nado inaugural se assemelhasse mais a um ousar e arriscar para conquistar um novo meio , afirmando uma força vital que não aceita derrota antecipada: o primeiro nadar nasceu de não se deixar afogar.O mesmo se aplica ao voo do morcego: o que hoje é voo sem receio, primeiro foi salto sem ainda ter asas. E mesmo no voo mais perfeito do morcego de hoje, ainda existe esse salto ousado como sua causa.O primeiro voar foi vitória sobre o medo de cair : cada voo de agora também celebra aquela inaugural vitória . Para os que sufocam neste mundo de agora, que se arroga “o fim da história”, o devir da vida mostra que a conquista de novo meio não se faz sem ousar crer nos “inauguramentos”, e fazê-los. Já os “adaptados” ao “viver acostumado” da época vigente ignoram o “inventar comportamento” que a vida, para sobrevivermos, quer de nós agora: na invenção de novos meios de “horizontamentos”, tal como para os morcegos foram as asas; e criação de novos órgãos exploratórios que achem/inventem novo ar respirável, para o corpo e para a alma.

"Não é o forte quem se adapta e o fraco quem sucumbe. Ao contrário, é o fraco que se adapta: o forte ou muda o meio ou sucumbe”.
 Nietzsche, Anti-Darwin .


“Poesia é inventar comportamento”, “Poesia pode ser que seja fazer outro mundo”
Manoel de Barros




Nenhum comentário: