Quem já
pesquisou minimamente esse tema já se
deparou com justificativas distintas
para optar por Espinosa ou Spinoza. Os que preferem a grafia
"Espinosa" pesquisam em fontes mais raras, notadamente vinculadas à
origem portuguesa do filósofo. Os que preferem "Spinoza" não
apresentam muitas fontes, além daquelas consagradas. Por que optamos por
Espinosa? Não pelo sobrenome, mas pelo nome que o sobrenome acompanha. Em
hebraico, "Baruch". Espinosa rompe com esse nome e se rebatiza ,
filosoficamente, "Benedictus". Com este nome Espinosa rompe com o
nome que lhe pôs a comunidade judaica. Com "Benedictus", Espinosa se
rebatiza na mesma língua de Sêneca e Cícero. No entanto, com o nome
"Bento", português, ele não rompe. Este o acompanha, como o acompanham
seu sangue, sua imaginação e a língua viva de seus pais, e não uma língua morta
, erudita, como o latim (Espinosa não falava latim em casa, o latim é uma
língua que não conheceu sua fala). Podemos dizer que Baruch é o nome profético,
Bento é o nome apologético, enquanto Benedictus é o nome crístico, desse
“Cristo dos filósofos”, como lhe chamou
Deleuze. Por esse argumento, apenas Espinosa ele mesmo se pode chamar
Benedictus, como de fato se chamou, nascendo de novo no nome que ele criou.
Nós, seus admiradores, afetados por essa vida filosófica, modestamente o
chamamos de Bento, também com amizade e carinho. Benedictus pede a companhia de Spinoza, Bento combina
com Espinosa. Ambas as grafias são corretas, embora de perspectivas diferentes.
Então, entre o hebraico, o latino e o português, optamos pelo português, pois
"Espinosa" soa mais próximo do
som que naturalmente sai de minha boca brasileira.
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