sexta-feira, 4 de maio de 2018

4 de maio

Meu caro 4 de maio,
já posso te chamar de amigo?
Creio que já o somos,
 e não desde agora.
Não demora chega  o dia 5,
sei que você já precisa ir embora.
Agradeço-lhe como me acordou hoje:
com a mesma novidade de quando nasci,
apesar de já serem muitos os dias de aniversário.
Amo  rever-te,
saiba disso, amigo raro.
Espero te ver de novo,
no próximo ano,
logo ao abrir de maio.
Desejo ainda muito te receber,
sei lá ainda por quantos encontros.
Não te peço nada,
nem te faço promessa.
Nunca olho para suas mãos quando chega,
nelas não indago por presentes .
O que gosto é de apertar a mão da gente,
e mais uma linha na palma escrever, sem pressa.
Sou muito grato pelo seu retorno ,
que seja sempre assim o seu chegar: novo. 
Contigo aprendo a perdoar  o que passou,
reabrindo  no peito o horizonte  que sou.
Já reparou: tudo se enfeita de azul para te ver chegar,
 e mesmo o sol egocêntrico esquece seus dezembros,
para em plácida luz nos aquecer  e renovar.

Meu amigo 4 de maio,
sei que te escondes nessa data,
qual máscara a cobrir teu verdadeiro rosto, o tempo.
Não cobro teu retorno,
tudo farei para merecê-lo,
seja qual for minha idade.
Leve minha eterna gratidão a teu pai,
cujo nome é eternidade.






DE PÉ


Quando na manhã  me levanto,
pelos meus olhos acorda outro            
diferente daquele que ontem se foi  deitar.
Fui dormir árvore,
desperto broto,
de novo a vida a germinar.

Levanto-me como se levanta Espinosa
em cada página de sua obra:
sem lamentar o que foi,
sem temer o que será,
bem-dizendo o que é.
Feito a vida em seu  esforço,
pronta a começar de novo, 
pondo-se de pé.

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