sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

sinal verde 2






Vinte e um de setembro, seis e meia da noite. Centro da cidade.A multidão apressada retorna para casa. O trânsito se arrasta, pesado e  impaciente. Como todo mundo, estou retornando para minha casa, a pé, no fluxo anônimo da multidão. Não penso em nada determinado, estou entre o futuro e o passado,  com os olhos a ir pelo chão.Paro à beira da avenida agitada, preciso atravessá-la. Olho para cima e busco o sinal  . Ele está fechado  para mim , em vermelho ele me diz "não". Baixo os olhos, fito o outro lado da rua:  o ir e vir dos carros me lembra o rio de Heráclito... Volto a subir os olhos, e estranhamente  sinto que não apenas eles eu alço, outra coisa em mim sobe com eles.  O sinal continua vermelho, porém não me fixo nele. Meus olhos saltam  e reparam no que está atrás daquela proibição que me quer parado, obediente, resignado.  Vejo então o fundo infinitamente estrelado de uma noite de setembro que se abrindo nos avisa que a primavera em breve vai nascer  . Esqueço o trânsito, o guarda e aquela rua asfaltada,  olho para o céu  e vejo em   suas estrelas  sinais enfim se abrindo,  posso então ascender.



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