quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

o padrinho

A quem sonha de dia e sonha de noite,
sabendo todo sonho vão,
mas sonha sempre,
só para se sentir vivendo
e a ter coração.
...  ...  ...
Pára, meu coração!
Não pense!
Deixe o pensar na cabeça!

Fernando Pessoa


Quem ouve a fonte (...) não cabe mais dentro dele.
Outra pessoa desabre.

Manoel de Barros


Seu Angenor trabalhava  na obra. Pela janela do trem, indo para Madureira, ele via a lua. Seu Angenor nunca cabia totalmente nele mesmo: a parte que não cabia ele dava de graça . Eu recebi uma parte dele que me empoemou para sempre,   pelo que lhe sou grato; é desta parte que nasceu em mim o perdão.
Seu Angenor  foi meu padrinho em matrimônio que contrai com  Psiquê, a quem chamam de Alma.
Na obra, seu Angenor punha um chapéu de operário, igualzinho ao que todos usavam. Mas a maneira como ele o punha, o porte  nobre com o qual Angenor andava ,fazia com que seus colegas o quisessem acordar, dizendo: “Angenor, isso é um chapéu de operário! Acorda! Isso não é uma cartola...”. E foi assim que de seu Angenor nasceu  o Cartola, aquele cuja nobreza é de alma, e que faz outra pessoa desabrir em nós.












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