Ninguém pode dizer: “Nunca
mais vou ficar gripado em minha vida!”.Pois dizer isso seria como imaginar
poder fazer desaparecer, com simples palavras, os vírus e seus transmissores. Além
disso, nosso corpo é uma parte do mundo :
ele possui incontáveis portas e janelas por onde infinitas coisas entram e, por isso, ele está
sujeito a ações de seres exteriores que existem
independentemente da nossa vontade.
Porém, o que está ao meu
alcance é agir de tal forma que a gripe, ou o vírus que a propaga, não conte
com minha ajuda para que aquilo que me enfraquece se instale em mim.A única
maneira de evitar a gripe é agindo, e não meramente falando ou imaginando. Quanto
mais eu agir, e pensar, mais a gripe não me pegará. Agir por amor à saúde, e
não por ódio ou medo da doença.Agir em favor da saúde do meu corpo também é
agir em favor da saúde do corpo social, bem como de minha mente e da mente
coletiva, social.
Além disso, o que chamamos
de gripe é tão somente a busca do vírus pela sua própria saúde, isto é, por
fortalecer sua existência. Se olharmos as coisas de uma perspectiva não
pessoal, não existe doença, existe apenas saúde, vida.E se o vírus nos provoca
a doença, não é por ódio ou raiva de nós, mas por amor ao modo de ser dele,
modo de ser este que ele sempre afirmará com o máximo de potência que ele tiver
.
Como afirmar então nosso
amor à nossa maneira de ser? Compreendendo que nosso corpo faz encontros com
outros corpos, e que alguns desses corpos podem destruir o nosso, não por ódio,
mas por querer afirmar a si próprio. Então, devemos compreender como o vírus
age, como é seu modo de ser, e disto apenas nos tornamos capazes quando adquirimos amor pelo conhecer, pois é
ele que nos faz compreender como vive o vírus. O conhecer é a saúde da alma. Ao
contrário, se imaginarmos que o vírus age por ódio ou como um enviado do “demônio”,
jamais compreenderemos como vencê-lo, já que nós mesmos não teremos amor ao
conhecimento: teremos na alma apenas ódio ao vírus e ao próprio conhecimento
que poderia nos libertar ( nos libertar não apenas da doença que o vírus traz,
como também da própria doença da ignorância).
O que vale para a gripe
também se aplica aos sentimentos. Ninguém pode dizer: “Jamais sentirei ciúmes,
ódio ou inveja!”. Imaginar isso seria como crer que não temos corpo, e ignorar
também que este sofre a ação de outros corpos .Pior: imaginar isso seria crer
que tais sentimentos existem em nós porque somos fracos, irrecuperáveis...(o
que faz a alegria da indústria farmacológica ,bem como enriquece pastores
espertalhões...).
Esses sentimentos podem
existir em nós pelas mesmas causas que fazem existir a doença na natureza. E
uma dessas causas é nossa imaginação, já que a compreensão nos mostra que, de
um ponto de vista maior, não existe doença, apenas saúde.Para vencermos a
tirania daqueles sentimentos, somente compreendendo como eles nascem.
Então, assim como é
impossível não ficarmos gripados, é igualmente impossível não termos aqueles sentimentos.
Mas assim como podemos, pela ação, evitar ficarmos gripados, também podemos
evitar termos ciúmes, inveja, etc ( não, claro, isolando-se, mas pensando os encontros que fazemos, a começar pelo encontro consigo mesmo). Antes de tudo, compreendendo que o ser que
nos provoca tais tristezas não o faz sozinho: nós também somos, reativamente, causa,
causa parcial, daqueles sentimentos que nos enfraquecem.
Assim como só existe a
saúde, apenas existe o amor. O ódio é uma gripe que apenas conseguiremos vencer
se agirmos de acordo com o amor. Mas a coisa certamente não é tão fácil, pois
uma simples gripe pode crescer e matar, assim como o cotidiano ódio que supomos
inofensivo.
2 comentários:
Suas palavras são generosas, Elton, sempre oferecendo aprendizado inquestionável - guardo-as com gratidão, junto à minha crença de que mesmo na ignorância, talvez, haja alguma boa fé.
Um abraço e parabéns pelo ótimo trabalho.
Obrigado, Cláudia!Espinosa: o único clínico em que acredito ( e confio). Antes de ser para qualquer outra pessoa, a consulta com o Drº Espinosa foi para mim....rss..
Um abraço e obrigado pela gentileza.
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