O nome “Dioniso” significa: “aquele
que nasceu duas vezes.” Esse nome explica o seguinte acontecimento: certa vez, por
ódio e vingança, vis carrascos despedaçaram Dioniso, assim imaginando que o
haviam derrotado.
Porém, ao ver a cena, Zeus , divindade
da ética e da justiça, sabia que havia em Dioniso uma parte imortal, dos carrascos
desconhecida. E era essa parte imortal a semente da vida que
nunca morria.
Essa parte imortal era o coração: Zeus pegou então o coração de Dioniso e , por ética e justiça, dele
fez nascer novamente Dioniso, ainda mais vivo.
A primeira vez que Dioniso nasceu ,
ele veio ao mundo chorando, como todo
recém-nascido. Mas nesse segundo nascimento Dioniso veio novamente à vida em alegria, cantando e dançando, assim
mostrando que , quando nos pensavam derrotados e mortos, fazer nascer de novo em
nós a vida é a mais necessária das artes
a ser criada e aprendida.
A expressão : “Dioniso, Deus das Artes”,
não é adequada. Pois as pessoas sempre imaginam Deus como aquele que criou sua
obra a partir do nada, já que Deus existiria antes dessa criação.
Mas não havia a arte antes de existir
Dioniso, assim como não havia o amor antes de surgir Eros, ou o conhecimento
antes de nascer Atena. Dioniso é a inseparabilidade entre o artista e sua obra,
uma vez que a principal obra de arte a ser criada é a de (re)criar a si mesmo.
Não existia o conhecimento antes de Atena:
Atena é a Potência de produzir conhecimento de diversas maneiras, e não apenas
sob a forma de teoria. Os museus, por exemplo, produzem conhecimento no agenciamento
singular com os objetos expostos. Eros, por sua vez, é a Potência do afeto-amor em suas mais
variadas formas.
Assim, ao invés de “Deus das Artes”,
a melhor expressão para definir Dioniso é : “Potência das Artes”, Potência essa ao mesmo
tempo clínica, ética, educadora e política na sua mais alta potência
revolucionária.
Poucos entre nós viveram essa
Potência Dionisíaca de forma tão intensa e revolucionária como o pensador
teatral José Celso Martinez. Através do
mito de Dioniso, nossa pequena homenagem a ele. Evoé!
( este livro é apenas uma sugestão de
leitura)
- A voz que se ouve no início do vídeo é a do cineasta e pensador Glauber Rocha:
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