Espinosa dizia que toda “representação” é uma convenção que só
tem poder sobre nós se assim aceitarmos. A linguagem convencionada, por
exemplo, é uma “representação” que
aceitamos para nos comunicar com os outros. Mas o poeta é um subversivo: ele
não aceita essas representações, ele reinventa a linguagem criando novos
sentidos. Espinosa chamava de “expressão” esse justo agir que se rebela quando a “representação” já não consegue dizer tudo aquilo que a
linguagem pode. O mesmo vale para a política: deputado, ministro,
presidente...são representações políticas.
Essas representações não podem pôr em perigo a expressão em nós da vida.
E vida é algo que se potencializa em liberdade, pensando e agindo: na educação
, nas artes e no viver em comum dentro
da sociedade plural, heterogênea. Nenhuma representação política vem de “Deus”, ela vem dos homens, ou de parte deles, por intermédio da eleição.
Quando uma representação põe em risco nossa potência de expressão, essa
representação deve ser destruída. Em Espinosa, “destruir” uma representação não
significa exatamente agir com violência
física , mas se voltar contra ela por intermédio de uma incessante e
perseverante crítica, mostrando que tal representação é um perigo para toda forma de expressão, inclusive para
a expressão democrática ( que vai além do mero voto). Esse governo , na
verdade, nem representação é. Toda representação, não importa qual, é parte de um todo. Uma representação se torna uma ameaça ao todo
quando ela se põe como “um todo à parte” querendo impor sua maneira de ser ao todo. E a única
maneira de um todo à parte querer se impor como todo é destruindo todas as
outras partes que são expressões
diferentes desse todo chamado Brasil. Até o momento, não houve um ato
desse governo que não seja uma ameaça às partes desse todo diferentes da parte
que o bozo representa. No corpo vivo,
essa ameaça de uma parte do corpo à vida do corpo todo tem um nome :
câncer, um agente da destruição e morte. Se o Brasil pudesse falar e dizer o
que esse governo está fazendo com suas florestas, com seus índios , com sua
gente, enfim, o Brasil diria: “esse governo é uma doença”. Depois gritaria ,
como está no hino, um brado retumbante: “ME LIVREM DELE!!!”.
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