(trecho do livro):
Liberdade é pouco.
O que desejo ainda não tem nome.
Clarice Lispector
O pensamento é o telescópio
de uma astronomia apaixonada.
Gilles Deleuze
O pensamento é o telescópio
de uma astronomia apaixonada.
Gilles Deleuze
A poética é grega. Ela se vincula
não apenas à Grécia histórica : a Grécia
de Homero, Hesíodo, Ésquilo, Mênon, Heráclito, Protágoras, Diógenes, Demóstenes... Mas também à Grécia enquanto Terra que serve de imanência a todos os
territórios, inclusive o Pantanal. Enquanto imanência do pensamento e da sensibilidade,
a Grécia é a Terra de Lucrécio, Hume, Godard, Marx, Visconti, Artaud, Lima
Barreto, Gláuber, Clarice Lispector, James Joyce, Proust, John Coltrane, Nietszche,
Van Gogh, Rimbaud...Este é seu povo, ao mesmo tempo aristocrático e popular,
em permanentes rebeldias contra o clichê
e contra as mais variadas formas de opressão e banalização da vida.
Quando evocada pelo pensamento e
pela arte, esta Grécia torna-se um nome que é, ao mesmo tempo, a conjugação de
dois verbos: Pensar e Sentir. Uma Grécia onde não existem mais “rei nem
regências” de poder, mas potências criativas que, em seus deslimites, nos
deixam ver a Vida.
Sua localização não é geográfica,
mas noográfica, intempestiva.Acreditamos que foi a essa Grécia que Rafael
pintara e imortalizara como imagem cujo ponto de fuga é a Diferença. É uma
Grécia sem fronteiras, “espaço liso”, pois seu chão é o Deslimite.
Grécia-Subúrbio, Grécia-África, Grécia-América
Latina, Grécia Quilombo, Grécia-Pantanal , Grécia-Nadifúndio ― Grécias nas
quais não se pode passar o “metron” do
saber acadêmico que faz da Grécia a
pátria de uma Razão Estriada .
(cena do filme Viver a vida, de Godard)
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