segunda-feira, 6 de julho de 2015

somos todos gregos





(trecho do livro):
Liberdade é pouco.
O que desejo ainda não tem nome.
Clarice Lispector

O pensamento é o telescópio
de uma astronomia apaixonada.
Gilles Deleuze


A poética é grega. Ela se vincula não apenas à Grécia histórica : a  Grécia de Homero, Hesíodo, Ésquilo, Mênon, Heráclito, Protágoras, Diógenes, Demóstenes... Mas também à Grécia enquanto Terra que serve de imanência a todos os territórios, inclusive o Pantanal. Enquanto imanência do pensamento e da sensibilidade, a Grécia é a Terra de Lucrécio, Hume, Godard, Marx, Visconti, Artaud, Lima Barreto, Gláuber, Clarice Lispector, James Joyce, Proust, John Coltrane, Nietszche, Van Gogh, Rimbaud...Este é seu povo, ao mesmo tempo aristocrático e popular, em  permanentes rebeldias contra o clichê e contra as mais variadas formas de opressão e banalização da vida.
Quando evocada pelo pensamento e pela arte, esta Grécia torna-se um nome que é, ao mesmo tempo, a conjugação de dois verbos: Pensar e Sentir. Uma Grécia onde não existem mais “rei nem regências” de poder, mas potências criativas que, em seus deslimites, nos deixam ver a Vida.
Sua localização não é geográfica, mas noográfica, intempestiva.Acreditamos que foi a essa Grécia que Rafael pintara e imortalizara como imagem cujo ponto de fuga é a Diferença. É uma Grécia sem fronteiras, “espaço liso”, pois seu chão é o  Deslimite
Grécia-Subúrbio, Grécia-África, Grécia-América Latina, Grécia Quilombo, Grécia-Pantanal , Grécia-Nadifúndio ― Grécias nas quais não se pode passar o “metron”  do saber acadêmico que faz da Grécia  a pátria de uma  Razão Estriada . 











( O triunfo de dioniso , séc. III DC, autor anônimo.Museu Arqueológico de Sousse )




(cena do filme Viver a vida, de Godard)

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