(trecho do livro)
Ao contrário do latifúndio, que faz da
improdutividade uma extensão sem fim ( extensão esta que é propriedade de uns
poucos, ao preço de excluir muitos), o “nadifúndio” é a Terra dos que produzem
, mesmo que excluídos, mesmo que explorados. Há latifúndios lingüísticos aos
quais o poeta invade com seus nadifúndios.
O nadifúndio é a Terra
dos que produzem bens e valores que não se podem vender ou comprar no
mercado.
Nos nadifúndios se plantam “rizomas”. Ao contrário da árvore
(que se fixa ao solo e cresce
verticalmente ) , o rizoma é uma raiz que troca a profundidade do solo pela sua
superfície sem fronteiras.
O rizoma é uma raiz que
faz do deslimite o seu chão. As plantas rizomáticas crescem horizontalmente:
suas raízes espalham-se em todas as direções possíveis, e só visam a
verticalidade se for por intermédio de um muro que se quer ultrapassar,
transpor. Impossível determinar o número
de raízes que servem de apoio ao movimento
de uma planta rizomática, visto que
suas raízes são múltiplas, incontáveis : brotam e nascem conforme as
exigências de expansão da planta . As formações rizomáticas não possuem centro.
Os rizomas são plantas sem “existidura de limite”. O substantivo é a árvore da
linguagem, ao passo que os verbos são seus rizomas.
O saber que apreende os nadifúndios constitui uma
poética da ignorãça:
Não tive estudamento de tomos.
Só conheço as ciências que analfabetam.
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