Multitudo: poesia, arte & filosofia
textos e desenhos : elton luiz
domingo, 26 de outubro de 2025
vida e mundo próprio
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Manoel de Barros: os "nadifúndios" do poeta
Há dois sentidos
para a palavra “nada”. O primeiro deles vem de “nihil.” Essa palavra é a origem
de niilismo. Além de “nihil” significar “nada”, nihil também significa “nulo”.
No Direito, por exemplo , usa-se a expressão latina “nihil” para designar atos
que são juridicamente nulos.
Nesse último sentido, niilismo
não é um culto ao “Nada” ou ao “Nirvana”, niilismo é um comportamento que é
nulo, sem autenticidade. Por exemplo, o inelegível vivia evocando a ideia de “Verdade”, porém
essa ideia de “Verdade” na boca dele é nula , pois anula a própria ideia
autêntica de verdade.
A “Verdade” dele
não é uma mentira, é uma “nulidade”: enquanto a mentira se explica no âmbito da
linguagem, a nulidade é mais grave, uma vez que ela expressa uma estreiteza
existencial.
Muitos
espertalhões evocam a palavra “Deus” como cabo eleitoral deles. Embora falem em
Deus para combater o “ateísm0 c0munist4”, esse Deus deles, porém, anula a
própria ideia do que se espera que seja Deus: esses espertalhões anulam a ideia
de Deus muito mais do que a negação feita pelos ateus.
O autêntico anarquismo
nega a necessidade de partidos, mas não nega a política; já o PSL e os partidos
do “centrão” são nulos de ideias políticas. Uma coisa é negar uma realidade,
outra bem diferente é tornar nula uma realidade pela inautenticidade com a qual
ela é usada.
Mas há outro
sentido para a palavra “nada”, originado do latim “nata” ( raiz de “natal”:
“lugar onde se nasce”). Esse sentido talvez explique por que Manoel afirma que
sua poesia vem de suas “natências” ou “nadifúndios”, enquanto riqueza de vida
para nos proteger das nulidades niilistas.
O saber que
apreende esses “nadifúndios” chama-se: ignorãça. Ignorãça não é ignorar o nome
das coisas, ignorãça é saber de coisas que ainda não têm nome : “As coisas que
ainda não têm nome são mais ditas pelas crianças”, diz o poeta. Uma caneta de
ouro nas mãos de um niilista, mesmo que ele tenha poder e dinheiro, escreve só
pobreza. Já o simples lápis do poeta retira do nada de suas natências a sua
riqueza.
O poeta põe
nascimento em seu lápis para que a gente, ao lê-lo, de vida se enriqueça:
“Na ponta do meu
lápis tem apenas nascimento.” (Manoel de Barros)
“Não há arte que
não seja uma liberação de uma força de vida. Não há arte da morte.” (Deleuze)
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Ao Dia das Professoras e Professores
Tempos atrás, numa bela manhã de outubro, vi passar um senhor bem idoso,
porém firme e altivo. Vê-lo fez reviver
dentro de mim uma palavra que há muito
eu não dizia. Foi a “potência-alegria”
de que fala Espinosa o que senti ao saber
que tal palavra ainda em mim vivia , à espera de reencontrar aquele a quem ela designa e
nomeia.
Essa palavra não estava escrita no meu cérebro
onde se acumulam teorias, ela estava
guardada em meu coração ,lugar do Afeto,
junto à lembrança dos seres que conheci e que me tornaram o que sou.
Foi então do coração que a palavra
veio subindo, já com pleno sentido, embora ainda sem se vestir com o som.
Quando ela chegou à minha boca, tornou-se voz e chamou: “Mestre!”. Aquele senhor era um querido professor que tive há muito tempo.
Coincidentemente, o Dia dos Professores estava próximo...
Ele me reconheceu , sorriu e estendeu
a mão para mim, encontrando a minha que já lhe estava estendida desde a primeira aula dele que assisti . Não sei ao certo quanto tempo conversamos, o
durar do afeto não o mede relógios.
Quando nos despedimos, fiquei parado
vendo-o ir, e pensei: “Será que ele sabe o quanto foi importante em minha
vida?”
Antes de ele ir, olhei seu rosto e tive a impressão de que ele
também estava a recordar-se do mestre
que teve e que o inspirou a ser mestre, e por isso ele entendia minha gratidão.
E esse outro mestre do mestre, se vivo estiver, também deve estar se lembrando,
hoje, daquele que o fez mestre: “O
aprender vem antes do ensinar”, lembra-nos Deleuze.
O autêntico professor gosta de
ensinar porque, antes, amou aprender com aquele que lhe ensinou lições que não estão apenas
em livros, mas também nas ações.
Creio
que nos tornamos professores quando o mestre que nos fez mestre não
vive apenas fora, ele passa a viver dentro da gente, e com ele continuamos a
aprender , mesmo enquanto ensinamos.
Por isso, hoje também é dia de cada
professor se lembrar daquele do qual foi aluno no aprendizado do mundo e de si
mesmo. Pois essas lições são o conteúdo vivo de toda aula que, crítica e
criativamente, renova o sentido emancipador , singular e coletivo, da educação.
Assim, apenas
sob certa perspectiva aquele meu antigo mestre se afastava de mim, sob outra perspectiva ele nunca de mim saiu desde que , com suas aulas, em minha vida
entrou , passando a viver na companhia de
outros queridos mestres que
igualmente entraram em mim e me tornaram
o que sou : a querida Professora Nadir (
minha primeira professora de filosofia e quem me libertou), o inesquecível Cláudio Ulpiano, o generoso Luiz
Alfredo Garcia-Roza , o grande Gerd Bornheim e o sábio Junito Brandão : “O melhor de mim sou
Eles.”(Manoel de Barros)
Um abraço às professoras e
professores por seu dia!
( imagem: o professor Deleuze na
companhia de alunas e alunos)
sábado, 11 de outubro de 2025
Evento / Manoel de Barros
No poema “Achadouros”,
Manoel de Barros nos fala de uma sábia contadora de histórias que ele conheceu
quando criança. A sábia ensinava haver “achadouros” em Corumbá.
No sentido literal, os
“achadouros” eram buracos que os holandeses cavaram antes de fugirem do Brasil
séculos atrás.
Com o ouro surrupiado do
rico subsolo de nossa ancestral Pindorama, os holandeses fabricaram moedas nas
quais estamparam a coroa holandesa. Depois eles esconderam essas moedas de ouro
nos tais buracos abertos no fundo de quintais, para que não ficassem com elas
os colonizadores da coroa portuguesa, seus rivais.
Durante muito tempo em
Corumbá, movidos pelo desejo de encontrar tais tesouros, os homens escavaram
quintais para ver se ali achavam o ouro rapinado pelos colonizadores.
Mas o poeta compreendeu
que a sábia falava também de outros “achadouros”, enquanto espaços a descobrir que
guardavam diferentes tesouros.
Seguindo a lição da
sábia, o poeta aprendeu a descobrir “achadouros” onde estão guardadas
riquezas que não vêm da usurpação do
homem sobre o outro, riquezas que são, para a vida digna, verdadeiramente
preciosas: escavando a palavra, o poeta acha nela sentidos novos não
colonizados; escavando em si mesmo, o poeta acha horizontamentos libertários
que partilha com os outros.
Com sua arte que faz
pensar, sentir e desperta, o poeta “desabre” nossos habituais olhos que o leem para
que em nós achemos, quem sabe, olhares novos.
E toda essa riqueza que o poeta acha, e generosamente partilha
conosco, vem da potência transbordante de vida que, empoemando-o, guardou-se
dentro do poeta como tesouro, cujo valor não se mede em moeda, capital ou ouro.
“Na ponta do meu lápis tem apenas nascimento” é um verso de Manoel.
Esse verso pode ser interpretado de muitas maneiras . O lápis expressa o
veículo de expressão do poeta, o instrumento que une sua mente e corpo. Na
ponta do lápis do poeta nascem ideias que fazem nascer também ideias em quem o
lê. Esse ato de dar nascimento a realidades que potencializam a vida pode ser
um antídoto à necropolítica, e é por
isso que esse verso também é, em sua essência, político.
Em breve, colocarei a programação completa do evento.
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
Perséfone/Pachamama
Segundo a mitologia, Hades é a divindade que habita a região
trevosa muito abaixo da superfície da terra. Nesse lugar nenhuma luz
entra.
Certa vez, porém, Hades ouviu uma voz cheia de vida vindo da
superfície. Ele subiu e viu que era Perséfone cantando... Ela estava com sua
mãe , a deusa Ceres. De “ceres” vem “cereal”, pois Ceres é a divindade do
plantio e colheita dos cereais.
Ceres , por sua vez, é filha de Cibele, a
divindade da fertilidade. Cibele é o Feminino Ancestral ( os povos
originários da América a chamam de Pachamama).
E foi em sua neta Perséfone que a fertilidade de Cibele se tornou
uma força criativa semelhante àquela que vemos no artista, pois Perséfone é a
divindade cuja arte é fazer nascer flores: múltiplas e heterogêneas,
flores de todas as cores.
Perséfone mata outra fome diferente daquela que Ceres mata: Perséfone
mata a fome de arte, de poesia e de criatividade.
Hades se apaixonou pelas flores e quis levá-las para enfeitar sua noite
eterna. Foi uma imensa surpresa, ninguém imaginava que pudesse
nascer no taciturno Hades um desejo por cores.
Num ato condenável, Hades raptou então Perséfone para fazê-la morar lá
embaixo . Porém, naquele mundo carente de luz , de Perséfone nasciam rosas só
com espinhos , sem as pétalas, flores da dor que elas eram.
Enquanto isso, sentindo a falta de Perséfone, Ceres ficou deserta : o
grão não mais germinava nela. Havia agora fome de pão e de beleza, de pão e de
poesia, e ninguém sabia qual das duas fomes doía mais: a primeira esvaziava o
estômago, a segunda ao coração secava.
A pedido de Ceres, Zeus interveio e foi feito então um acordo. Durante
parte do ano Perséfone viveria lá embaixo com Hades : sua ausência entre nós
recebeu o nome de inverno.
Até que vem o ansiado tempo em que Perséfone sobe de volta e
enche de vida a terra : tudo recomeça , renovado.
Hoje, as sombras não reinam somente lá
embaixo, mentalidades sombrias piores nos
ameaçam aqui em cima . Apesar disso, nada detém Perséfone
e sua primavera, tempo em
que Perséfone chega para florir de vida a terra.
“O céu da teoria é cinza;
mas sempre verdejante é a árvore da vida.”
(Goethe)
“Eram os passarinhos que colocavam
primaveras nas palavras.”
(Manoel de Barros)
( imagem:“O abraço amoroso de Pachamama”/Frida Kahlo)
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
O cacto e sua primavera
Muito se fala,
com razão, das flores. Girassóis, crisântemos, margaridas...Essas e outras
flores já foram homenageadas em poemas , músicas e pinturas.
Flores também
são empregadas como símbolos: o lírio é símbolo da pureza e Iluminação; a rosa
vermelha, das revoluções igualitárias.
Com a chegada da
primavera, essas flores são ainda mais lembradas...
Mas pouco se
fala das flores que o cacto também sabe produzir. Considero essa omissão uma
injustiça com esse artista da resistência. Na dele, sem chamar a atenção ou
fazer propaganda de si, o cacto é capaz de atos que expressam rara beleza e
simbolizam generosidade.
Assim age esse
perseverante e resistente poeta da natureza : o cacto é a planta que possui a
maior raiz. Em alguns cactos, a extensão de sua raiz chega a nove ou dez vezes
o tamanho do corpo do cacto que vemos à superfície do chão!
Quem mede o
cacto apenas pela sua parte visível, e pensa que a parte que vê é todo o ser do
cacto, por certo ignora o que o cacto é capaz de fazer. O cacto cria imensas
raízes para sondar o subsolo , não se deixando vencer pela aridez que o cerca.
As raízes do
cacto tateiam procurando veios d’água metros abaixo da paisagem seca. Ele
persevera procurando no coração da Mãe-Terra a água que o Céu lhe nega.
Quando encontra
a água, o cacto anuncia sua descoberta brotando flores: em pleno árido , ele
inaugura uma primavera. Então, ele sorve o líquido e se intumesce, de água
fresca ficando grávido. Basta um pequeno furo para a água jorrar matando a sede
dos necessitados.
Foram os cactos
do sertão nordestino que, no passado, não deixaram morrer de sede a rebeldia de
Lampião e seu cangaço ; e a flor que Maria Bonita punha no cabelo também
floresceu de um cacto : o mandacaru, símbolo da força do povo nordestino.
O cacto
mandacaru expressa a resistência da vida, uma resistência que também se faz com
poesia e beleza, apesar da aridez que a cerca. O mandacaru matou a sede de
Lampião e deixou a Maria ainda mais Bonita.
Como ensina o
grande poeta nordestino: “Quando não pode ser cristal, a poesia vale pelo que
tem de cacto.”(João Cabral de Melo Neto)
(imagem: os
cactos-poemas de João Cabral / o mandacaru e sua flor)
sábado, 20 de setembro de 2025
@semanistia / @pecdabandidagemnão
Em suas obras políticas, Espinosa
critica a ideia de liberdade como “independência”. Para ele, ao contrário, toda
liberdade autêntica é sempre a construção e afirmação de algum tipo de relação
da qual dependemos para sermos livres.
Pois nada é livre vivendo à
parte, toda liberdade é uma forma de relação ou agenciamento. Ser livre não é não
depender de nada, ser livre é depender, antes de tudo , de nós mesmos para
sermos livres, uma vez que a primeira das relações fundamentais é a relação
consigo mesmo.
Um povo livre não é aquele
que se coloca à margem do mundo e em guerra com todos. Um povo livre é aquele
que mais depende de si mesmo para governar a si mesmo.
Um povo que sabe que depende de
si mesmo para construir sua liberdade nunca imagina que sua liberdade dependerá
do Mercado, da Religião , do Patrão, da Mídia, do Capital... e muito menos da
Casa-grande.
Quem governa um povo livre
é ele mesmo, pois um povo livre é aquele que mais depende de si mesmo para
construir sua história.
Um povo livre não é aquele
que imagina que houve uma data histórica no passado onde ocorreu sua
suposta “independência’. Um povo livre é aquele que a cada vez cria a
compreensão, aqui e agora, de que depende de si a construção de sua liberdade,
para assim afastar milicos aproveitadores que se imaginam “donos da
Independência”.
O governo mais favorável à luta
do povo não é aquele que se coloca “acima do povo”, como um “pai” ou
“padrasto”.
Um governo autoritário
teológico-político de pretensos “ungidos” sempre teme um povo esclarecido
e autodeterminado.
O governo mais favorável à
liberdade do povo é aquele que, vindo do próprio povo, age para que
o povo mesmo compreenda que é ele que governa ao escolher os governantes.
E que depende antes de tudo dele, do próprio povo em sua heterogeneidade,
escolher quem o auxiliará a depender cada vez mais de si mesmo na construção
histórica de seu destino.
Um povo que depende cada vez mais
de si para ser e construir a si mesmo é um povo que se educa, que cria sua
arte, sua memória e seu futuro.
Não existe “Independência do
Brasil” como se fosse um fato consumado. O que existe é a necessidade de
construção da nossa liberdade coletiva com a compreensão de que depende de nós
mesmos construirmos a nossa soberania, e que isso requer decisão, perseverança e
coragem.
E melhor ainda se pudermos fazer
isso cantando juntos, com Gil, Chico e Caetano.
sábado, 13 de setembro de 2025
evento: Deleuze - 100 anos.
Bom dia, estou participando desse
evento organizado pelos professores Mário Bruno ( UERJ) e Leonardo Machado (
UFRJ) .
Um texto que escrevi sobre Deleuze:
Em seu comentário ao livro “A besta
humana”, de Zola, Deleuze aborda alguns comportamentos hediond0s , de ontem e de hoje,
identificáveis à “besta”.
A besta não é um animal determinado
da zoologia. A besta é uma espécie de “fundo indeterminado” propagador de
(auto)destruição e m0rte, uma espécie de “buraco negro” que suga e extingue
toda forma de luz.
Os instintos protegem os animais desse “fundo indeterminado”. Nenhum animal é
capaz de cometer ato hediondo ou b4rbárie inexplicável, pois todos os seus
comportamentos são explicáveis pelos instintos.
A ferocidade do leão, por exemplo, não é
maldade ou crueldade, mas um comportamento explicável por sua natureza de leão.
Conhecendo essa natureza, podemos agir para evitarmos que essa ferocidade nos vitime.
No homem, o instinto não tem força
suficiente para protegê-lo desse fundo
indeterminado . Tampouco pode a inteligência, sozinha, vencer esse “buraco
negro”, o ninho onde dorme a besta.
Pois a inteligência , com suas
teorias e invenções tecnológicas, é voltada para o domínio do mundo externo, de
tal modo que a besta sempre se esconde às suas costas, como uma sombra.
Pode acontecer de a besta se servir
dos frutos da inteligência e usá-los como
doenti4s armas suas : “mísseis
inteligentes”, por exemplo, são a
inteligência a serviço da besta e sua necrop0lític4 de extermínio que não poupa
nem crianças...
Quando a besta toma a mente e a boca
do homem, nasce então a “besteira” como
antieducação e anticonhecimento.
A besteira é a besta empregando a palavra para destruir o próprio universo
simbólico.
Para quem sabe ouvir, crianças nunca
dizem besteiras; somente os adultos que são uma besta podem dizer besteiras que tortur4m os ouvidos
do espírito .
A besta pode até mesmo se servir da religião,
tal como no f4natismo teológico-político
armado de int0lerânci4.
Quando a besta toma o homem, este se
torna um ser irreconhecível , virando um bicho imprevisível que nem a natureza
explica mais...
Na mitologia, a “Besta” era
representada pelo Minotauro: metade touro, metade homem. A besta morava num lúgubre labirinto que
prendia a todos e parecia não ter saída.
Mas a bestialidade do Minotauro, sua
“sede de sangue”, não vinha do touro,
que é herbívoro. A bestialidade vinha da
parte humana acéfala e doenti4
, que usava a seu serviço a força bruta
do touro .
Além da inteligência, a vida criou o pensamento. O pensar redireciona
e amplia a inteligência , tornando-a
também (cons)ciência planetária
propagadora de ideias e afetos emancipadores.
Quando aceso, o pensar é luz que
resiste ao buraco negro, iluminando por
dentro e por fora, brotando da mesma
energia que os instintos da vida, potencializando-se pelo cultivo social da empatia que agencia , da cooperação que
congrega e da indignação que une os que
lutam contra as tirani4s.
quinta-feira, 11 de setembro de 2025
sábado, 6 de setembro de 2025
sem anistia/Brasil soberano
Como nos ensina Espinosa, a
democracia não tem por centro altares, como num templo, e nem é feita de
hierarquias rígidas, à maneira da caserna.
Quando os representantes
do templo e da caserna , extrapolando seus espaços ,
também ambicionam poder político, corre perigo a
democracia ameaçada por intolerâncias, negacionismos
e fanatismos armados com a força bruta do
militarismo a serviço do delírio teológico-político.
A força da democracia não é
bélica, a força da democracia é a das ideias plurais pensadas e
realizadas em conjunto , perseverantemente. E também em conjunto, e
perseverantemente, precisam ser defendidas.
“A virtude com a qual o homem
livre evita os perigos
revela-se tão grande quanto a
virtude com a qual ele os enfrenta”.
( Espinosa, Ética,
Quarta Parte, proposição 69)
"Poesia pode ser que seja fazer outro mundo."
(Manoel de Barros)





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