Quem ama mais a língua: o gramático que a estuda e conserva suas
formas, ou o poeta que a transforma?
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Pela
voz poética de Manoel de Barros também se tornam sujeitos,mas sujeitos
larvares, uma quantidade infindável de seres: lagartixas, girinos, bocós, pedras
que dão leite, patos atravessados de chuva, arames de prender horizonte,tudo aquilo
que nos leva a coisa nenhuma... enfim, o que não se pode vender no mercado:
coisas se movendo ainda
em larvas, antes de ser idéia ou pensamento.
Manoel de Barros nos
diz ainda:
Quem atinge o
valor do que não presta é, no mínimo,
Um sábio ou um
poeta.
É no mínimo
alguém que saiba dar cintilância aos
seres apagados.
Ou alguém que
possa freqüentar o futuro das palavras.
Mais
do que tudo, o que por sua voz fala é a própria língua que, despida da forma da
gramática, “voa fora da asa”:
Em poesia que é
voz de poeta, que é a voz de fazer nascimento
O verbo tem que
pegar delírio.
trecho do livro:
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