segunda-feira, 21 de abril de 2014

manoel de barros: voz de poeta

Quem ama mais a língua: o gramático que a estuda e conserva suas formas, ou o poeta que a transforma?

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Pela voz poética de Manoel de Barros também se tornam sujeitos,mas sujeitos larvares, uma quantidade infindável de seres: lagartixas, girinos, bocós, pedras que dão leite, patos atravessados de chuva, arames de prender horizonte,tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma... enfim, o que não se pode vender no mercado:

coisas se movendo ainda em larvas, antes de ser idéia ou pensamento.

Manoel de Barros nos diz ainda:

Quem atinge o valor do que não presta é, no mínimo,
Um sábio ou um poeta.
É no mínimo alguém que saiba dar cintilância aos
seres apagados.
Ou alguém que possa freqüentar o futuro das palavras.

Mais do que tudo, o que por sua voz fala é a própria língua que, despida da forma da gramática, “voa fora da asa”:

Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer nascimento  
O verbo tem que pegar delírio.


trecho do livro:



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