quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A natureza em Espinosa


Certa certeza ao certo me levará
ao acerto certo com a natureza.
Walter Franco   
                                                                                                    



 
Etimologicamente, "natureza" provém de natus, "nascido", mais urus, que significa "gerar", "produzir".Assim, natureza é "o nascido a partir de uma força geradora", força esta imanente ao próprio nascido."Natividade" e "natal" ( lugar onde se nasce) guardam proximidade com o sentido de natureza.Desse modo, a natureza é sempre força que gera ou faz nascer, nunca força que destrói ou mata.Na vida cotidiana, em meio a acontecimentos que nos fazem sentir temor ou dor, sobretudo quando nos imaginamos ameaçados,acabamos por ver o destruir em tudo, como se o destruir pudesse ser uma causa, como um "demônio" ou personificação do "Mal" . Sob tal imaginatio, muitos maldizem a vida como um "vale de lágrimas". Todavia, a natureza é sempre um fazer nascer: mesmo no que pensamos ser morte há um (re)nascer  que ignoramos.
Em grego, natureza se diz  physis. Todo ser finito, após nascer, vive a vida como um afastar-se desse acontecimento ( o nascer), e chama a esse afastar-se de crescimento. Assim, de criança o homem passa a adulto, e deste a idoso, o último termo do processo de afastamento da força que faz nascer.Dessa maneira, a vida aparece aos olhos do homem como um contínuo afastar-se do nascimento, como um rio que se perde da fonte,culminando com um ir para fora da natureza, para assim adentrar na "sobrenatureza" onde viveria o divino.Somente aí, dizem, a vida verdadeiramente começaria: longe da natureza.
Para Espinosa, porém, não existe sobrenatureza, a não ser como imaginação nascida do desejo de negar a natureza, isto é, o nascer.O idoso não é a criança que morre, mas o conservar na Vida uma vida que nasceu. O que pensamos ser a morte, é um conservar de outra maneira o que nasceu.Segundo Espinosa, a atividade da natureza para fazer nascer e a atividade para conservar o nascido são as mesmas, sobretudo porque a natureza é seu próprio fazer nascer: é deste que nasce o nascido.A natureza nasce dela mesma e se conserva como o nascido que traz em si o nascer.A natureza conserva o nascido no fazer nascer, de tal modo que a natureza nunca se afasta dela mesma, ela que é potência de produção da vida. Espinosa nos ensina que é possível, mediante a intuição , entrarmos em contato com essa força que faz nascer, para assim a apreendermos em nós mesmos , enquanto nascidos. Essa experiência sempre re-genera, nos faz nascer de novo, independentemente do quanto já tenhamos vivido, uma vez que o fazer nascer é a própria eternidade, e não algo que somente encontraríamos após morrermos.Em versos, Fernando Pessoa parece querer dizer o mesmo, quando diz que o poeta é sempre renascido quando vê/sente a "eterna novidade do mundo".

2 comentários:

Yanna Karlla disse...

Olá Professor,

Gostaria de saber um email oficial que possa entrar em contato contigo, pois meu orietador queria enviar-lhe um convite para publicação sobre a obra de Manoel de Barros. Desculpe pedir isso por aqui, mas foi o único contato que encontrei do senhor na internet. Obrigada. Yanna Karlla

Yanna Karlla disse...

Por favor, se puderes me enviar o contato por email:
yannakarlla1@hotmail.com