segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

economia política

 

A palavra “economia”  tem por raiz o termo “oikos” : “espaço privado onde reside uma família”. Assim ,  economia é: “cuidar do patrimônio da família” chefiada pelo homem.

Já “política” vem de “pólis”. Essa palavra costuma ser traduzida por “cidade” : “Petrópolis”, cidade das pedras. Mas pólis também significa “organização”.

 Esse sentido está presente em “própolis”: “ a favor da organização”, pois a colmeia é uma organização. É errado comparar a colmeia a uma monarquia, pois as mesmas larvas da abelha podem se transformar tanto em operárias como em  rainha: é a colmeia que escolhe o ser no qual se transformará a larva. E se ela se transformar numa “rainha”, é para servir à coletividade, e não a coletividade servir a ela . Inclusive, o nome “rainha” não é adequado, o mais correto seria:   útero da comunidade.

Assim, a pólis é espaço público e comunitário. Pólis é construção da sociabilidade: defesa da cidadania. Enquanto a economia, na sua origem,  é gestão da posse e propriedade da família, a política é governo que deve cuidar do comum e realizar a justiça.

Na família,  o sangue e a tradição  são o elo  que une seus membros ; na pólis, a seiva é a lei publicamente debatida que une os cidadãos na construção do futuro.

A raiz da economia é a família; a raiz rizomática da política é o socius. Para que os interesses da comunidade não ficassem subordinados aos das famílias e seus chefes, os gregos inventaram a “economia política”: os interesses privados têm que estar subordinados aos interesses da comunidade.

Os economistas liberais de hoje pensam o contrário: para eles , a política deve estar subordinada à economia privatista. É por isso que eles aceitaram até um fascista que negava a política, desde que ele não negasse  a “Santa Propriedade” e os juros.

A tal “autonomia do Banco Central” pregada por essa gente na verdade é a subordinação do interesse público aos negócios das grandes famílias donas dos grandes bancos e das grandes mídias.

Essa ideologia economicista liberal parte da ideia de que a sociedade é secundária  em relação ao indivíduo empreendedor. Porém por trás desse culto ao individualismo está a defesa do patrimonialismo familiar que se perpetua pelo direito à herança.

Não é por acaso que máfias e milícias são “famílias” : elas são puro projeto de lucro a todo custo em detrimento da comunidade, da justiça  e da política.

A subida do fascista e sua manutenção no poder não foram mero acaso. E também não é acaso ser a “Família” um de seus lemas, junto com “Pátria” ( o poder do “Pater-Homem-Branco”) e Propriedade ( enquanto roubo feito à comunidade).

A democracia não é apenas um regime político, ela também deve ser  um pensar e planejar a economia segundo fins sociais de uma  economia política.


( este livro é apenas uma sugestão de leitura)






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